𝐁𝐚𝐧𝐡𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐬𝐚̃𝐚 𝐭𝐚̃𝐚 𝐫𝐞𝐥𝐚𝐱𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐭𝐚 𝐬𝐞𝐱𝐚 𝐥𝐞́𝐬𝐛𝐢𝐜𝐚

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Adèle

Quarta pela manhã, desço às escadas em formato de caracol do prédio "recém reformado"da década de 60

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Quarta pela manhã, desço às escadas em formato de caracol do prédio "recém reformado"da década de 60. Em uma mão, equilibro o Ipad e na outra o café requentado cujo fez aniversário dentro da geladeira.

Diante do recebimento do e-mail de Henri que, de certa forma me intima a estar em sua sala nos próximos 30 minutos, optei por um banho rápido, escovar os dentes por 60 segundos e pescar a primeira peça avistada na arara.

Por um instante, me pego embaraçosa e alvoroçada por encontrar Vilde, mas no segundo seguinte, lembro de sua vaga na CNN e nesse exato momento ela estaria ajustando a filmadora a fim de gravar uma reportagem importante.

Eu confesso.

Não é como se estivesse com inveja ou alguma obsessão maluca por ela. Torço para que a carreira de Vilde avance, assim como a minha. Porém, outra vez se torna desagradável a maneira como estou sozinha na empresa. A princípio, quando a conheci, pude considerar que a sua presença agregasse uma companhia diária. Alguém para compartilhar as piadas ou até mesmo o sanduíche de pesto e tomate da lanchonete em frente à TF1. Contudo, devia imaginar que a minha censurável vida não está escrita como os livros de Jane Austen. Por conta disso, não costumo me prender à leituras de romances. No final, se resumem apenas à histórias fantasiosas.

Escapando dos devaneios, deparo-me com o bom dia sorridente e gentil de Lucien seguido do comentário a respeito do aviso de ontem.

-O chaveiro estará aqui às 16:00 para resolver o problema da sua porta, senhorita.

Agradeço com um aceno e me despeço em seguida, prosseguindo a caminhada habitual até a TF1. O líquido morno do café amargo se derrama um pouco sobre minha mão e praguejo alguns palavrões pela calçada.

Regressando à empresa, automaticamente vou até a sala de Henri como requerido na mensagem de hoje mais cedo. Encostada sobre o batente da porta, o vejo erguer as sobrancelhas grisalhas por cima dos óculos estilo tartaruga e logo me convida para entrar.

-Adèle! -Inicia com a voz animada, embora ponderosa. –Estava mesmo esperando por você.

Ajo desconfortável sobre o estofado da cadeira e logo noto an agenda do meu chefe aberta acima da mesa. Leio de soslaio algumas anotações em vermelho, como:

Ligar para Adèle.

Mulher loira.

Isabel.

Victor/Morte de Victor

Delegado Filipe.

Henri pousa os dedos calejados sobre o teclado empoeirado do Notebook e oferece um pequeno sorriso apreensivo na minha direção.

-Eu te chamei porque preciso... -Pressiona o dedão no meio da minha testa, o que faz com que eu enrugue o local de imediato. –Preciso disso aqui. Dessa mente brilhante e organizada que você tem.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora