𝐄𝐬𝐩𝐢ã𝐬 𝐧ã𝐚 𝐬ã𝐚 𝐭ã𝐚 𝐬𝐞𝐜𝐫𝐞𝐭𝐚𝐬 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐊

214 32 1
                                    

Adèle

Ouço o grito agudo de Dona Silvia, a cubana que vende livros na esquina do meu condomínio, fazendo com que eu desperte no susto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ouço o grito agudo de Dona Silvia, a cubana que vende livros na esquina do meu condomínio, fazendo com que eu desperte no susto. Um ninho de ratos pode muito bem ser visto entre os meus cabelos loiros assim como as marcas do travesseiro bordado por toda a bochecha.

Coloco a mão na testa, lembrando do pesadelo recente no qual Dona Silvia, junto de Henri, comandavam um exército de gigantes chineses em uma batalha na Torre Eiffel.

Sinto Dalì se enroscar no lençol e sufoco um grito ao notar que estou quase nua da cintura para baixo. Avisto o coturno, usado noite passada, arremessado contra um dos cantos do quarto e a mom jeans abaixo da cama. Restando apenas as meias da Gap com estampa de bananas e o corset apertado.

Franzo a sobrancelha e cogito cheirar a própria axila, porém felizmente, sou interrompida pela presença de Romane no batente da porta. A morena usa uma de suas camisas sociais, dessa vez com todos os botões abertos e equilibra o terno marrom sobre o ombro esquerdo. Admirando-a como uma louca, possuo a certeza que poderia muito bem ser confundida com uma das modelos do catálogo de inverno da People Magazine.

-O-o que faz aqui? -Engasgo, por fim encontrando a voz. De imediato, o subconsciente traz recordações dos acontecimentos da noite passada. A boate. As inúmeras doses de vodca. Os dedos de Romane subindo por baixo do corset...

Meu Deus, o que eu fiz?!

-Nunca imaginei que pudesse dormir tanto. –Seu tom zombeteiro acompanhado do olhar obsceno me fazem borbulhar e recordo em estar apenas de calcinha. -Deixei torradas e café preto para você na cozinha.

Porra, ela dormiu aqui?

-Espera! -Minha voz outra vez escapa desesperada. E de fato estou. Romane segura o lábio inferior entre os dentes no tempo que perscruta meu corpo seminu. -Você...nós...Você dormiu aqui?

Ela concorda com o queixo, girando o anel de elefantes no dedo.

-Sim. Quis ter certeza de que não fosse perambular vomitando o apartamento inteiro durante a noite. -Notando minha reação um tanto constrangida, a mulher sorri de forma tranquilizante. -Não se preocupe, Adèle. Não toquei em você. Dormi no sofá junto com Dalí.

-Ah. Obrigada.

A morena anui mais uma vez e se despede.

-Não há de quê.

Depois de estar devidamente vestida e de banho tomado, sento-me de frente para a TV, mordiscando a torrada e dando golinhos no café delicioso feito por ela. Deslizo a tela do celular e leio três mensagens não lidas de Jean.

Jean:

Vc tá bem? Romane insistiu em te acompanhar até sua casa e eu concordei.

Jean:

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora