𝐔𝐦 𝐝𝐚𝐭𝐞 𝐧𝐚𝐬 𝐂𝐚𝐭𝐚𝐜𝐮𝐦𝐛𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐏𝐚𝐫𝐢𝐬

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Adèle

14 dias

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14 dias. Fazem exatamente 14 dias que ela se encontra desaparecida.

14 dias sem uma ligação.

14 dias sem sua risada.

14 dias em que não me vejo perdida em seus olhos negros e dissimulados.

Camille está desaparecida. Não tenho notícia há semanas.
Logo após me deixar em casa há duas semanas atrás, a morena havia se despedido e beijado a minha testa antes de ir. Avisou que ligaria no dia seguinte.

Não ligou.

Tentei inúmeras vezes retornar o número bloqueado da lista de contatos, cujo agora entendo o motivo de ser oculto, mas sempre na caixa postal. Vez ou outra me transportei até seu apartamento e o Luigi da portaria já me conhece pelo nome.

Mas ela não estava lá. Ela continua não estando.

Não conheço Hanna. Se esse for o nome verdadeiro dela.

Não tenho nenhuma informação sobre seu paradeiro. Onde está. Se foi pega. Se está...

Estou enlouquecendo. Três dias atrás me afugentei totalmente no trabalho, recebendo uma dose extra do sermão preparado de Edgar. Henri, preocupado, me levou para tomar um café durante o intervalo e acabo mentindo dizendo que o problema, na verdade, fosse Victor e Isabel.

Mas o buraco continua sendo um pouco mais fundo.

E nesse atual momento, me encontro batucando a ponta dos dedos sobre o cardápio desvanecido da cafeteria onde estou.

Jean me olha por trás das hastes douradas do óculos da Diesel, ao mesmo tempo que morde um croissant de manteiga e creme de morango. Sua pele negra está parcialmente coberta pelo macacão goludo azul escuro Jacquemus, juntamente ao sobretudo creme estilo raincoat.

Olho para a minha vestimenta após analisá-lo. Botas Ugg escuras, suéter vermelho e calças Columbia de inverno. Também estou acompanhada de uma parka felpuda que havia depositado no banco ao lado.

A chuva torrencial e o clima álgido tomaram conta de toda a Paris desde o começo da semana.

Jean houvera me convidado na noite anterior com o intuito de almoçarmos em um novo restaurante local. Porém, a real intenção por trás do menu vegano, foi descobrir porquê continuo usando moletons na sexta-feira à noite.

Meu melhor amigo sempre teve o dom de me auto conhecer. Muito melhor do que eu mesma.

Por fim, optamos em caminhar apenas dez minutos pela avenida próxima aos nossos locais de trabalho. E segundos mais tarde, nos encontramos mastigando a crosta meio dura de um croissant passado, bebericando o expresso do dia sabor leite duvidoso.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora