𝐃𝐨𝐥𝐜𝐞 𝐕𝐢𝐭𝐚 𝐃𝐢𝐨𝐫 𝐞́ 𝐨 𝐩𝐞𝐫𝐟𝐮𝐦𝐞 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐩𝐬𝐢𝐜𝐨𝐩𝐚𝐭𝐚

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Romane

No decorrer das três horas seguidas socando, atirando e planejando táticas de ataque para emboscarmos Matteo daqui a poucos dias, não sossego a mente pensando nela

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No decorrer das três horas seguidas socando, atirando e planejando táticas de ataque para emboscarmos Matteo daqui a poucos dias, não sossego a mente pensando nela.

Seria tão mais fácil se pudesse matá-la, se Adèle fosse um dos alvos insignificantes que tenho no meu bolso, os quais procuro e vingo por todos esses anos. No entanto, ela é tudo de mais frágil e puro que conheço, que busco durante todo esse tempo. Fico relembrando do seu cheiro, o seu tom de voz e memorizo cada parte sua caso...Caso Ömer venha tirá-la de mim.

Afundo a cabeça na água quente da banheira, ignorando o medo congelante no peito, o pavor que sinto apenas de cogitar aquele monstro fazendo tudo o que fez comigo, ou ainda pior, com ela. Ontem à noite, durante os poucos minutos da nossa ligação, eu senti. Senti o medo de Adèle ao acreditar que Elena ainda se mantém atrás dela, perseguindo-a, esperando uma bela oportunidade para matá-la. Mas ela não está. Nunca mais. Porém, o medo continua, permanece, mesmo sendo invisível, mesmo irreal.

Imagina se ela descobrir que existe alguém muito pior querendo matá-la outra vez? Apenas para me ter de volta, me fazer sofrer e ter a convicção de que eu faria qualquer coisa por essa mulher maldita que roubou o meu coração e de quebra o resquício da alma apodrecida.

Porra.

Adèle nunca foi a obsessão. Não quando se é o meu salvamento, a minha redenção de toda essa sujeira. Ela é...Ela é o meu amor e eu não saberia da existência de tal sentimento até conhecê-la, provar dos seus gemidos, o seu gosto.

Volk estava certa.

Matá-los não é mais o meu propósito. Só quero mantê-la segura, comigo e viver pelo resto dos dias que me resta com ela junto à mim. O meu amor, meus ojitos.

Solto o ar e ermejo da banheira, enrolando a toalha branca ao redor do corpo e caminhando com os pés descalços até o closet. Saio em busca de qualquer conjunto de terno e gravata para encontrar Hanna hoje à noite. Preciso manter o foco até decidir o que direi para a minha irmã, assim que escapar fora de tudo isso. Volk vai entender, mesmo com o coração frio como gelo, a descrença em sentimentos, no amor ou em qualquer outra coisa. Minha irmã acredita na vida e na morte, apenas. São seus dois legados:

"Enfrentei a morte e a vida, Camille. As vi passar através dos próprios olhos e é apenas nisso que acredito. Não perca tempo procurando outros sentimentos para se ocupar, no fim, será apenas uma ou outra. Ou você morre, ou continua lutando e sobrevivendo. É a única certeza que temos nessa porra de existência."

E não a culpo. Permaneci anos na mesma premissa até encontrar os seus olhos, o tom dos cabelos dourados e o desenho da boca carnuda que se encaixa perfeitamente na minha. Posso muito bem admitir ser uma psicopata, mas nunca, em hipótese alguma, diga em voz alta. Isso magoa. No entanto, não me oponho em viver até o fim da vida em meio à essa psicopatia. Não se estiver com ela, em uma casa na beira da praia, uma garotinha correndo pela casa e o corpo nu de Adèle sobre o meu todas as noites. Volk viverá em negação até provar do mesmo veneno.

Estou convicta disso.

Abro uma das portas do closet e pesco um conjunto de alfaiataria preto com listras pratas, sapatos de fivela do mesmo tom e uma gravata carmim. Visto a calcinha, um sutiã meia taça e em seguida caminho até a penteadeira, abro a primeira gaveta, ignorando a agenda roxa de Adèle, e busco pela fragrância de Dolce Vita da Dior.

Mas algo está errado.

Meneio a cabeça pelo cômodo, atenta aos orbes no mesmo segundo que destravo a Beretta acima da penteadeira. Silêncio. Olho outra vez para a caixa lacrada da fragrância, que nunca esteve ali, já que o perfume na última vez que o vi, estava pela metade.

Isso não pode estar acontecendo.

Diante de um suspiro, retiro o frasco da caixa e verifico o líquido caso não trate da composição do clorofórmio com outra substância mortal. Como o cianeto. Após jogar no lixo, algo me chama mais uma vez a atenção.

As letras miúdas no interior da caixa.

Dolce Vita evoca a ALEGRIA de viver um passeio em um conversível na riviera italiana.Esta fragrância efervescente de feminilidade, com deliciosas notas frutadas e acentos picantes e SENSUAIS de CORDEIRO, encarnam o espírito dos melhores perfumes femininos Dior em todoooo o seu esplendor!

Palavras do perfumista:

A base amadeirada de Dolce Vita Dior é realçada com notas de CORDEIRO e GARREL. Seu acorde final, habitualmente usado por CUBANAS, dá um toque ousado a esse perfume floral EXTREMAMENTE PERIGOSO.

Trinco os dentes a medida que leio a lista de ingredientes, sentindo a garganta fechar logo em seguida.

Lista de ingredientes:

A ALCOHOL ? AQUA (WATER) ? PARFUM (FRAGRANCE) ? LINALOOL ? LIMONENE ? ALPHA-ISOMETHYL IONONE ? CITRONELLOL ? EUGENOL ? MARIE ? CITRAL ? CINNAMAL ? GERANIOL ? BENZYL ALCOHOL ? ADÈLE? BENZYL BENZOATE ? TOCOPHEROL ?GARREL? CI 14700 (RED 4) ? CI 19140 (YELLOW 5)

Levo a mão até o peito, buscando por todo o ar que escapou dos pulmões. Não pode estar acontecendo. Não agora. Não com ela. O medo se apossa de mim e sem ao menos perceber, derrubo todas as coisas da penteadeira, na busca desesperada pelo telefone. Preciso ligar para Adèle. Preciso saber se está...se está viva.

Porque...

Ömer está atrás dela.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora