𝐀 𝐊𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫𝐚 𝐬𝐞𝐊𝐩𝐫𝐞 𝐬𝐚𝐚 𝐜𝐚𝐊𝐚 𝐮𝐊𝐚 𝐝𝐞𝐥𝐢𝐜𝐢𝐚𝐬𝐚 𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞

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Romane

14 anos atrás

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14 anos atrás...

El cariño que te tengo

Yo no lo puedo negar

Se me sale la babita

Yo no lo puedo evitar


Me pego cantarolando baixinho Chan Chan de Buena Vista Social Club, detrás do agrupamento de armários metálicos do ginásio. Olho para o lado e enxergo o corpo de Hanna tremer junto ao meu como o sino de uma capela, o gemido baixo e choroso escapando por seus lábios finos. Ainda lembro detalhadamente do seu rosto juvenil, momentos antes de se converter em abulia e insensibilidade. Sardas amarronzadas espalham-se como formigas ao redor do nariz arrebitado e das bochechas coradas. Seus olhos azuis piscina sempre tão confiantes, hostis, agora se mostram como os de um bambi indefeso na floresta.

Seguro sua mão e aperto-a contra o próprio peito, apoiando um dos dedos sobre seus lábios, a fim de reprimir os murmúrios.

Estão perto.

Posso sentir o metal quente ferver contra a pele. Os gritos ecoarem pelo corredor escuro, iluminado apenas pelas labaredas laranjas que tomam formas horríveis sobre os cômodos de mogno da academia. Consigo visualizar a expressão dolorosa de Ed ao se sacrificar para que ambas escapássemos em segurança do prédio.

Dez anos depois do ocorrido, nos encontramos assim. Escondendo através de sombras em meio a nomes falsos, identidades roubadas e vidas arranjadas com o único propósito de sobreviver.

E vingar-nos. Pelo o que vale a pena lutar.

As pessoas acreditam na teoria de que a justiça existe e prega o que há de mais importante: Igualdade. Porém, conheço da verdade e sangro por ela todos os dias.

Meu pai. Edmund. Minha avó. Hanna.

A antiga Hanna.

Sempre estive determinada a matar e comer tentando protegê-los, vingá-los, mesmo após anos. O maior sentimento de satisfação que tenho, é poder fazer o que a falsa justiça prega contra os criminosos. Contra eu mesma.

Mas não é o bastante.

Nunca foi.

E agora parece ser diferente.

Agora me deparo diante dela. Outra vez fitando olhos de um bambi. Não os de Hanna, mas sim os de Adèle. A pobre garota que cruzou o meu caminho. Uma pena ter tido essa infelicidade, porém não me arrependo. Sou egoísta o suficiente para mantê-la em minha teia de mentiras. A examino se acomodar entre o sofá de couro verde, os pés se encontram nus e ela permanece sentada me analisando enquanto beberica a taça de vinho. Os olhos castanhos intrigantes sugam tudo ao redor. Os seios, onde sempre perco o olhar, praticamente pulam para fora dessa peça minúscula o suficiente para fazer com que minha mente suja crie mil situações pervertidas.

𝐎 𝐒𝐄𝐆𝐑𝐄𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐌𝐀𝐑𝐓𝐑𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora