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Exatos três meses se passaram desde a mudança para o apartamento de Camille. Noventa Dias desde a morte de Hanna ou alguma notícia de Ömer, cujo aparenta estar desaparecido. Ou somente aguardando o momento perfeito para pular das sombras e nos matar.
Entretanto, ela está confiante. Havia localizado um dos capangas, embora tenha se afastado dos assassinatos locais durante o período. Mas Lorenzo, assim como é chamado, se tornou uma peça crucial em sua investigação.
E a minha também.
A polícia decerto não havia desistido da captura do Serial Killer de Paris, contudo, não possuíam nenhuma pista ou paradeiro do suposto assassino. Que se encontra nesse exato instante socando dois sacos de boxes vermelhos em cima de um tatame azul. Seu rosto bonito contorcido em fúria conforme direciona, de modo preciso, contra o equipamento. Os cortes feitos por Hanna e o tiro no ombro já não podem ser mais vistos, ocultos sob novas tatuagens. Uma boneca russa, um escrito em Francês e dois olhos estão desenhados acima da clavícula.
Os meus olhos.
-Alguma novidade? -Pergunta ao acertar mais um soco.
Nego com a cabeça, levando a xícara de café até os lábios e a outra entregando para ela. Observo Dalí tentar capturar uma mosca na vidraça da estufa e prossigo: -Apenas uma reportagem sobre um esquilo raivoso dentro da Gucci no centro. -Respondo e noto o sorriso crescer no canto dos seus lábios. -E uma pichação dentro da sala de cofres do Banco Central.
Camille busca a garrafa de água posta acima da mesa e entorna metade do líquido de uma só vez, descendo do tatame e caminhando até mim. Sua pele está suada e forço a não olhar para o abdômen definido da barriga. Algumas gostas de suor pingam dos cachos e ela afasta o cabelo da testa com os dedos.
-Parece interessante. E como está Henri? Vem te questionando sobre o caso arquivado pela policia?
Dou de ombros e giro o corpo para chamar Dalí com os dedos. O gato caminha até nós, sua barriguinha arrastando sobre o piso, e parando ao seu lado, lambendo uma das canelas suadas.
-Continua rabugento pela perca da matéria. -Respondo conforme afago o pelo branco e marrom do gato. -E o caso não está arquivado. Só deram um tempo com a pausa das mortes.
Camille sorri com os dentes e sinto o coração derreter junto. Por mais que acredite estar morando com ela, namorando e vivendo todos os nossos dias juntas, a realidade parece inimaginável. Às vezes me pego beliscando sempre que a vejo cruzar a sala e caminhar até a cozinha apenas para me beijar. Ou até mesmo o momento que acordo com a sua cabeça acima da barriga e os braços envoltos na minha cintura.
-Não vai levar muito tempo para que arquivem, Cariño. -Sua voz se torna surpreendentemente sensual toda vez que fala em espanhol. Ela enxuga o rosto vermelho com a toalha limpa e observo os dedos longos apertarem o tecido felpudo. A morena sorri ao notar. -Tá afim de ter eles dentro de você?
