"Você esteve brincando
Com uma magia que é negra
Mas todos esses mistérios mágicos
Nunca te dão uma única coisa de volta"Kiss the Go-Goat - Ghost
Tudo o que falavam sobre Pelotas era verdade, Helena já havia ido à cidade diversas vezes, mas sempre se impressionava com o quanto a cidade exalava o cheiro de esgoto.
Helena se contorcia de curiosidade sobre o que Débora tinha a dizer, porém, em todos os mais de trinta quilômetros que percorreram ela apenas comentou sobre seus gatos, em como sua avó estava doente e que precisava de um novo par de óculos.
— O que tinha a me dizer sobre Heitor? — a loira perguntou, interrompendo a história de como Débora resgatou dois gatos de rua.
— Ah claro, desculpe, acabei me desviando do assunto — ela riu sem jeito e Helena lembrou a si mesma de que nunca entraram no assunto.
— Sem problemas.
— Então... — ela continuou. — Heitor não morreu atropelado e não chegamos a uma conclusão sobre o que levou ele a óbito porque, bem, eu não faço a menor ideia do que aconteceu com ele.
— O que quer dizer com isso?
— Quero dizer que a causa da morte é indefinida, provavelmente foi uma hemorragia interna, levando em conta que seus órgãos foram todos movidos de lugar. — ela se arrumou no banco, virando-se de lado e ficando de frente para Helena. — Deixe-me explicar, a senhora deve saber que os órgãos no corpo humano são interligados. Então, o que aconteceu com Heitor foi como se... algo... tivesse puxado seus órgãos. Seu estômago subiu pelo esôfago e seu intestino foi parar no lugar que era pra ser o estômago.
— E isso é humanamente possível?! Como isso aconteceu?! — a loira perguntou completamente apavorada.
— Eu não faço ideia, foi como se tivessem puxado a alma dele e os órgãos do garoto foram juntos.
Helena refletiu, tinha de encontrar respostas plausíveis para o que aconteceu com Heitor, mas sua mente só conseguia voltar a um dia e se lembrar de uma coisa específica.
— Já fez algo no passado que se arrependa todos os dias da sua vida? — a loira perguntou e Débora se surpreendeu com o questionamento inesperado.
— Sim... eu machuquei uma pessoa.
— E o que tu fez quanto a isso?
— Pedi desculpas pra ela e recebi o perdão.
— E quando a coisa que tu se arrepende é... difícil de acreditar?
Débora parecia não estar muito afim de debates filosóficos e com certeza não tinha entendido o que Helena queria dizer.
— Não sei o que te responder sobre isso.
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Meu Diabo Particular
Mystery / ThrillerE se o próprio Lúcifer fosse seu anjo da guarda? Ayla, uma gaúcha que nunca saiu do próprio estado, viveu as primeiras décadas de sua vida sob o olhar protetor de seu exótico anjo da guarda: o próprio Diabo. Mas, com o surgimento de uma ameaça imine...