XXXIV - Peça Café ou Peça a Morte

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"Todas as coisas que mais desejamos
Tem gosto de morte para nós
Bem vindo a nossa terra quebrada
Por que tão sério?

E estamos todos loucos aqui
Você não tem nada a temer
Temos solidão
Nós temos felicidade
E estamos todos mortos aqui
Satanás no país das maravilhas"

Satan in Wonderland - Hell Boulevard

O vento assobiava violentamente lá fora, mas Jericó não sabia onde era lá fora porque estava em um lugar completamente escuro

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O vento assobiava violentamente lá fora, mas Jericó não sabia onde era lá fora porque estava em um lugar completamente escuro.

Era uma espécie de quarto, com uns cinco metros de comprimento e três de largura. O exorcista havia descoberto isso tocando nas paredes negras, que mais pareciam pertencer a um limbo com uma janela invisível por onde ele conseguia ouvir o assobio do vento lá fora.

— Sabe o que esse vento significa?

O homem se assustou, ele não estava sozinho naquela sala? Quando olhou para trás, viu uma silhueta feminina iluminada por alguma fonte de luz vermelha que provinha de algo que Jericó não conseguia ver.

— Quem tu é?

— Que uma tempestade se aproxima — continuou.

— Quem tu é?

— Não me reconhece, Jeri?

A voz da mulher lhe soava muito familiar, mas ele não conseguia lembrar de quem era. De repente, como uma batida na cabeça, lhe veio à mente a quem pertencia aquela voz.

— Mariá! Meu amor! — ele sorriu cheio de felicidade. — Eu nunca sonhei contigo, como é bom te ver!

— Sabe por que nunca sonhou? Porque eu estou furiosa contigo.

O sorriso de Jeri se desmanchou e ele caminhou devagar na direção dela.

— Por que não impediu? — a mulher disse.

— Eu tentei! Eu juro que tentei, mas nunca imaginei que tu fosse fazer o que fez.

— Eu me matei por sua culpa, Jeri.

Aquilo feriu o exorcista, foi uma facada em seu coração, destruindo seus sentimentos.

— Não... Não, Mariá. Eu sempre tentei te ajudar... Tu sempre pareceu muito ciente de si e nunca deu sinais...

— Por que não aceita a própria culpa?

Ela o encarou finalmente, e antes que Jericó pudesse processar o olhar raivoso de íris vermelhas, ele já estava despencando em uma velocidade avassaladora.

Suas costas quebravam as tábuas que anunciavam os andares infinitos que ele descia, cada vez mais rápido e com mais força.

Era tudo escuro, nenhuma santa fonte de luz. A mais pura escuridão e toda a agonia que ela pode trazer.

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