Vocês também a vêem?

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Anabel Corrigan.

Volto para sala com o copo na mão, já são quase 4 da manhã e Anastásia só sabe chorar, ela chegou aqui em condições precárias, não quer dizer nada para mim ou para Mabel.

— Aqui... — Mabel pega o copo da minha mão, entregando para Anastásia. — Respire fundo e nos diga o que houve. — Mabel diz pegando na mão da mais nova, cruzo os braços quando Anastásia fecha os olhos, se preparando para dizer algo.

— Ele tentou... — Ela começa. — Ele tentou me estrupar, mamãe acredita que eu estava me jogando para ele, ela me ameaçou de morte e me expulsou de casa. — Ela disse tudo rápido, soltando um suspiro de alívio quando terminou.

Mabel a encarava sem expressão, se não conhecesse minha irmã perfeitamente, diria que ela está sem reação, mas ela está em conflito interno, entre ficar aqui ou ir até Matteo e o espanca-lo até a morte. Pego o copo da mão de Anastásia, colocando na mesinha do centro.

— Magg te ameaçou? — Digo me sentando do outro lado dela, vejo Anastásia assentir com a cabeça, olho para Mabel, vendo a mesma encarar a marca no pescoço de Anastásia.

— Foi aquele filho da puta que te marcou, Anastásia? — O tom da voz de Mabel já não é calmo e doce, é pesado, parece estar com raiva.

— Foi... — Anastásia assente com a cabeça, vejo Mabel levantar rápido, prensando o cabelo na nuca.

— Mabe... — Tento chama-la de novo. — Mamãe nunca bateu bem. — Digo como se fosse óbvio.

— Não considero aquela velha minha mãe a muito tempo, Bel! — Ela diz apontando para mim. — Tudo bem não bater bem da cabeça, tudo bem não ver que o namorado dela está estrupando a filha do meio, mas agora ameaçar a porra da filha casula dela por causa de um pau? — Fico meio que surpresa com as falas de Mabel, ela sempre foi um tanto explosiva. — Que horas são? — Ela aponta para o celular.

— Quase 5. — Digo deixando o celular na mesa de novo.

— Amanhã nós iremos até aquela casa, se Anastásia não quiser ir, tudo bem, nem eu quero voltar la, mas precisamos pegar algumas coisas, coisas necessárias, como o celular de Anastásia. — Ela diz, respirando fundo quando termina.

— Eu vou, está tudo bem. — Anastásia diz, apertando minha mão de leve.

— Anastásia, ele...

— Não Mabel, Magg chegou antes que ele pudesse continuar. — Ela abaixa a cabeça, vejo um sorriso de alívio surgir no rosto de Mabel.

— Eu disse que ia proteger você e te deixei sozinha, que merda. — Mabel diz, sei que ela está se culpando, não pode se defender quando menor e agora é super protetiva com Anastásia, respiro fundo me levantando, indo até Mabel.

— A culpa não é sua ok? Nunca foi e nunca vai ser... — Seguro suas duas mãos. — Vocês são as vítimas, vocês não tem culpa de nada... — Estico a mão para Anastásia. — A culpa está naquele nojento, nos olhos dele, a culpa é totalmente dele. — Anastásia segura minha mão. — Não importa a roupa em que vocês usavam, não importa o que vocês diziam, não é NÃO. Sei que é difícil de acreditar que vocês não tem culpa, sei que é difícil se sentir limpa depois de tudo, mas eu estou aqui, sempre estivesse, está tudo bem agora, enquanto eu estiver aqui, ninguém vai mais machucar vocês. — Vejo Anastásia assentir com a cabeça devagar, olhando para um ponto fixo no chão, Mabel olha para mim com um sorrisinho fraco no rosto.

Puxo as duas até o sofa, deixando uma de cada lado, Anastásia se aconchega no meu peito, Mabel faz o mesmo do outro lado. Fecho os olhos sentindo uma culpa enorme por não poder ajuda-las quando tudo aconteceu, sempre estive longe e ausente na vida das minhas irmãs. Por que ninguém fala do quanto é exaustivo ser irmã mais velha!?

• A Morte lhe Cai Bem. • // B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora