O recado.

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Anastásia Corrigan.

Levanto o rosto, secando o mesmo na toalha de rosto em que carrego na mochila, são quase três horas e já bate o sinal. A propósito, faço faculdade de direito, não é tão fácil como dizem. Me viro para sair, mas bato em alguém, sinto o perfume masculino grudar em mim, levanto o olhar, andando para trás devagar.

— Vai me perseguir até na faculdade? — Pergunto para a mulher de olhos azuis.

— E se eu quiser, vai fazer o que? — Sinto minhas costas baterem no mármore, a morena pega uma mecha do meu cabelo, deslizando até o final. — Hum? — Ela empurra meu braço com brutalidade, me fazendo soltar um gemido de dor.

— O que você é? — Pergunto vendo um sorrisinho se formar no rosto dela, ela me segura pelos braços, solto um suspiro baixo quando sinto o gélido dos anéis em minha pele. Agora ela desliza as pontas dos dedos até minha cintura, me levantando com tudo, estou sentada no mármore, a encarando.

— O que você acha que eu sou? — Ela tem um sorriso brincalhão no rosto, ela põe uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, passa a mão em volta da minha bochecha, depois descendo até meu pescoço, parando bem onde Matteo deixou a marca.

— Um anjo? — Sinto uma onda de arrependimento bater, com certeza ela não é um anjo.

— Eu vi quando ele fez isso com você. — Ela tira a mão do meu pescoço, apoiando as duas no mármore ao lado do meu corpo, ela se inclina para frente, deixando seu rosto a centímetros do meu. — Homens como ele merecem a morte, não é Anastásia? — Ela sorri fraco, olhando para dentro dos meus olhos.

— Sim... — Me sinto hipnotizada olhando para os olhos da mulher de olhos azuis. São tão lindos. — Posso tocar em você? — Saiu com impulso, logo levo minha mão até a boca, vejo a morena rir abaixando a cabeça.

— Você é uma garota diferente, Anastásia. — Ela sorri, umedecendo os lábios, sera que é blasfêmia querer beijar um ser não humano? Fecho os olhos quando o sinal toca, apertando a barra da minha saia crio coragem para abri-los de novo. — Nos vemos depois. — Ela sorri, se vira e some, é talvez eu esteja louca.

Tiro os fones de ouvido entrando no vestiário, fiquei até mais tarde na faculdade hoje para correr ao redor da quadra, correr me ajuda a esquecer dos meus problemas.

Abaixo a cabeça molhando a nuca na pia, quando levando me assusto, soltando um gritinho de susto.

— O que você quer agora? — Me apoio na pia, olhando para a de olhos azuis sentada em cima do muro da cabine pelo espelho.

— Oi para você também. — Ela sorri, acenando com a mão. — A Mabel te contou algo?

— Ela deveria? — Pergunto me virando para ela.

— Não! — Ela desce do muro, ficando do meu lado.

— O que você quer com a gente? — Perguntei sem olhar para ela.

— Todas vocês vão perguntar isso? — Ela da uma risada baixa.

— Todas nós somos irmãs. — Descruzo os braços, vejo ela me olhar com certo deboche. Num impulso, me viro segurando as duas mãos dela sobre o marmore, ficando em cima dela. — Responde logo sua desgraçada.

— Calma lá, Anastásia. — Ela diz, acompanhado de um sorriso.

— Água benta te mata? — Viro o rosto para o lado, vendo o sorriso dela se desmanchar.

— Você vai me matar? — Ela pergunta com a voz mais grave. — Não teria coragem, pequena.

— Quer pagar para ver? — Sinto ela soltar a mão, levando a mesma até meu pescoço, apertando o mesmo com uma força surreal, ela me empurra até bater em uma das portas das cabines, entrando dentro de uma.

— Você não sabe o que está dizendo. — Ela aperta mais um pouco, começo a me debater tentando me soltar de seu aperto. — Escuta aqui, se me ameaçar de novo, eu mato você. — Tento empurrar seu rosto, fazendo com que ela solte. — Diga a Mabel que não quero ela falando com uma mulher de cabelos cacheados e olhos amendoados, não quero nenhuma das três falando, me ouviu? — Ela diz, prendendo a cabeça para o lado. — Me ouviu Anastásia? — Ela aperta mais, começo a assentir rápido com a cabeça, sinto ela me soltar, acabo caindo no chão, vendo a mesma sair da cabine. — Volte para casa com cuidado, Anastásia! — Escuto a porta do vestiário bater.

O que essa porra é?

Abro os olhos com o despertador, levanto a cabeça devagar percebendo que Anabel já esta acordada. Ando até a sala esfregando os olhos, me sentando no balcão da cozinha.

— Bom dia meu amor! — Anabel diz sorridente, colocando um prato com panquecas em cima do balcão. — Dormiu bem?

— Tive um pesadelo, com a de olhos azuis... — Digo vendo a mesma ficar com uma expressão preocupada.

— O que ela dizia? — Ela pergunta colocando umas panquecas no meu prato.

— Coisas bobas, ontem eu falei com ela... — Mordi um pedaço da panqueca, vendo Anabel se sentar na minha frente. — Ela disse que não quer nos ver falando com uma moça de cabelos cacheados e olhos amendoados.

— Espera ai... — Ela parece tentar lembrar de algo. — Eu já vi uma mulher assim, no centro da cidade.

— E depois disso, você a viu? — Pergunto tomando um pouco do suco.

— Ai meu Deus, sim... — Ela põe a mão na boca, surpresa.

— O que acha que essa mulher de cabelo cacheado é? — Pergunto mordendo mais um pedaço da panqueca.

— Não sei, sera que a de olhos azuis quer proteger a gente? — Ela diz me olhando.

— Não sei, acho que não. — Vejo Anastásia analizar meu pescoço, até ela vir e passar a mão onde a marca que Matteo deixou está, ou pelo menos estava.

— Você passou maquiagem? — Ela pergunta, tirando a mão, agora é a minha vez de colocar a mão ali.

— Não... — A olho confusa, é ai que me lembro que a morena passou a mão aqui. — Anabel, a de olhos azuis tocou aqui...

— Ela te... — Ela semicerra os olhos. — Curou? — Dou uma risada, mas paro assim que percebo que sim, ela me curou.

— Bom dia! — Mabel nos olha, pegando uma panqueca de cima da mesa. — Tudo bem? — Anabel assente com a cabeça, não consigo parar de pensar.

Por que ela fez isso!?

• A Morte lhe Cai Bem. • // B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora