De volta ao pesadelo.

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ai gnt, eu to xoxa, com dor de garganta e febre, ainda to tendo q tomar uma enxurrada de remédio, af af 😔

Mabel Corrigan.

O lugar está barulhento, não queria ter vindo mais Billie me obrigou, deixando Storm sozinha na casa da morena. Estamos em uma espécie de balada, Billie sumiu, eu estou sozinha e ainda tem vários homens me olhando com cobiça.

— Oi boneca, está sozinha? — Um rapaz, aparenta ter a minha idade, diz no pé do meu ouvido, fazendo com que eu me vire rápido.

— Não... — Olho em volta, a procura da mais velha.

— Está com quem? — Ele pergunta, rodando o dedo no ar.

— Billie... — Digo baixinho, arrumo a postura e digo mais alto. — Billie Eilish O'Connell. — O rapaz da uma risada baixa, se inclinando para falar no meu ouvido.

— Engraçado, acabei de ver ela pegando uma garota na porta do banheiro feminino. — Escutar isso foi como uma facada no peito, mas eu tenho certeza de que Billie não faria nada que me machucasse, é só uma mentira. — Está duvidando? — Ele diz ainda no meu ouvido. — Veja com seus próprios olhos. — Ele sai da minha frente, me dando visão para o banheiro feminino.

Ela está mesmo beijando uma garota, ou melhor, engolindo uma garota, ela beija a garota em uma velocidade como se precisasse a tempos daquilo, ela leva uma de suas mãos na perna da garota, levantando a mesma. Na hora em que pisco, uma lágrima escorre.

— Quer sair daqui? — O rapaz gruda na minha cintura, empurro o mesmo para longe, saindo do lugar cambaleando. Quando estou do lado de fora da balada, sinto um frio absurdo, o vestido em que uso não é adequado para esse tipo de clima, e meu casaco ficou no carro da morena. Tiro os saltos, vendo que a única solução é ir para o apartamento de Billie, mesmo não querendo, e ainda por cima andando, nesse frio.

Abro a porta do apartamento devagar, foi mais rápido do que eu pensei, vou até a cozinha, colocando os saltos ao lado do balcão, só quando levanto meu olhar, que vejo Storm em pé.

— Cade a morte? — Ela pergunta com a voz sonolenta.

— Ahn... Ela está ocupada. — Me levanto, colocando as mãos atrás do corpo, dando um sorriso falso depois, usar o termo "ocupada" enquanto ela fode uma garota qualquer, é um tanto quanto doloroso. Fico surpresa quando Storm vem até mim com os braços abertos, pedindo colo, ela já está grandinha para isso, mas é levinha para carregar no colo.

Be, me bota para dormir? — Dou um sorriso com o meu novo apelido, me assusto quando a garotinha levanta a cabeça com tudo. — Você está com febre... — O rostinho dela se forma em uma expressão de preocupação.  Ela leva as mãos até minha testa. — Tome um banho, depois vá até o meu quarto, vou curar você. — Ela sorri, voltando a me abraçar. Nao sei se é uma boa ideia deixar uma bruxa iniciante me curar, mas o que eu tenho a perder?

Ligo o chuveiro, me sentando no box olhando para um ponto fixo no chão, eu não queria assumir o que estou sentindo, queria enfiar tudo em um baú, trancar a sete chaves e depois enterra-lo bem no fundo da minha mente. Seria tudo mais fácil se eu não fosse uma garota sentimental, queria ser rasa como um rio no inverno, sinto as lágrimas escorrerem no meu rosto, a dor que sinto foi surreal, posso acreditar que meu coração está partido em pedaços, mas já era de se esperar isso vindo da morte, até porque ela é um ser do inferno, não devia acreditar nela, não devia ter me entregado para ela como me entreguei, não deveria ter me apaixonado.

— Be, você está bem? — Escuto a voz doce de Storm do lado de fora do box, enxugo as lágrimas, me levantando em seguida.

— Estou Storm, me espere na minha cama, por favor! — Escuto a garotinha murmurar e sair do banheiro, fechando a porta do mesmo. Respiro fundo, me enrolando na toalha, me olho no espelho, vendo meus olhos vermelhos pelo cansaço e pelo choro preso. Coloquei uma calça de moletom cinza e uma camiseta preta.

— Vem, senta aqui! — Storm está sentada na cama, me olhando com um sorrisinho no rosto. — Vou secar seu cabelo e depois vou te curar. — Não vejo nenhum secador em suas mãos, só quando a garota diz alguma coisa em outra língua vejo que sua mão começa a ficar vermelha. Me aproximo, vendo ela passar as mãos mecha por mecha.

— Storm, de onde você veio? — Pergunto, sentindo o carinho no meu cabelo.

— Do inferno! — Ah... — Minha avó é a Rowena, você conhece? — Nego com a cabeça, escutando a garotinha respirar fundo. — Pronto, sequei. — Ela sorri, se sentando de perninha cruzada. — Agora vou te curar. — Ela leva a mão na minha cabeça, forçando o lugar em seguida. — Pronto!

— Obrigada Storm. — Sorrio para ela, vendo a garotinha pular em cima de mim, me abraçando. Ficamos deitadas olhando para o teto, posso ver que a garotinha está acordada pela respiração ofegante dela.

— Sabia que na língua brasileira, meu nome é tempestade? — Me viro para ela.

— Não seria língua portuguesa? — Ela nega com a cabeça.

— Minha professora disse que não... — Ela sorri, se ajeitando na cama. — Ela era legal, mas a morte a matou. — Ela da de ombros, bocejando em seguida.

— A billie?

— Sim ué, quem mais poderia matar alguém com um piscar de olhos? Não existe uma segunda morte, nem um demônio ou outra coisa, a Billie sempre leva a vida das pessoas! — Ela boceja mais uma vez, fechando os olhos.

— Quando eu era menor, meu pai costumava me chamar de abelhinha, porque ele dizia que eu era doce como mel. — Ela abre os olhos.

— É um belo ape... — Ela boceja de novo, antes que pudesse falar algo, Storm adormeceu, ela está realmente muito cansada, vou até ela, dando um beijinho na testa da bruxinha.

— Boa noite, tempestade.

Acordo no meio da noite, Storm ainda dorme do meu lado, eu preciso beber água e fazer xixi. Me levanto devagar para não acordar a menor, abrindo a porta do banheiro devagar. Abro a porta do quarto devagar, indo até a cozinha, quando chego na cozinha, Billie está com as duas mãos na bancada, de cabeça baixa, ela tem a respiração pesada e os cabelos molhados. O que eu faço? Volto para o quarto? Dou oi? Pergunto se ela está bem? Pulo em cima dela e me declaro? Todas as opções a cima?

— Bil... — Ela levantou seu olhar para mim, porra, ela está chorando, ela arruma a postura e começa a andar na minha direção mas desvia em seguida, batendo no meu ombro. Fico um tempo tentando entender o que foi isso, mas a dor foi mais forte, não pude conter o choro e ja me vejo chorando no chão da cozinha, como das outras vezes. Me levanto quando Storm aparece na cozinha, fungo um pouco o nariz, secando as lágrimas.

— Você está bem, abelinha? — Dou um sorriso para a menininha, assentindo devagar com a cabeça.

— Storm, quer ir na minha casa? — A garotinha estica os braços, me abaixo pegando ela no colo.

— Você tem casa? — Dou risada com a pergunta, assentindo com a cabeça.

— Tenho, vamos pegar umas roupas para passar um dias la? — Ela assentiu devagar com a cabeça, descendo do meu colo, logo em seguida ela corre para o quarto em que está. Respiro fundo, voltar para a casa de Anabel não vai ser fácil, virar e falar "ola, posso voltar a morar com você porque quebrei a cara."

Eu quero levar Storm porque sei que Billie não vai cuidar dela direito, por mais que ela goste de crianças, ela é muito bruta para isso, não cuidaria da garotinha direito e outra, Storm comigo é tipo uma proteção, ela é uma bruxa, um ser do inferno, e está tudo bem.

Vou voltar a casa de Anabel, vou voltar a conviver com Anastásia, vou voltar a conviver com uma pessoa que me culpa de um abuso. Respiro fundo, sentindo mais lágrimas escorrerem. De volta ao pesadelo.

• A Morte lhe Cai Bem. • // B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora