𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 33: 𝕸𝖆𝖓𝖈𝖍𝖊𝖙𝖊𝖘 𝖊 𝖒𝖊𝖓𝖙𝖎𝖗𝖆𝖘

119 9 8
                                    

"Com o que sonhou hoje, Harry? "

Já era a quinta noite seguida que Harry e Theo dormiam juntos. Se tornara quase uma rotina: Harry saia da detenção tarde da noite e ia direto encontra-la. Theo esperava por ele em frente as masmorras, se esgueiravam para o dormitório dela. Em geral, conversavam sobre tudo e sobre nada até caírem no sono. 

Theo, que nunca fora uma pessoa que apreciasse dividir quarto, estava adorando ter companhia. Era mais fácil dormir com ele ali por perto. A fazia quase não sentir falta de uma dose de álcool para poder relaxar. Harry aparentemente também gostava do novo hábito dos dois, abraçava Theo até poder dormir, acordava buscando por ela. Além disso, ele não admitiria jamais, mas adorava a maneira como o quarto era iluminado pela luz do lago. 

"Com o que sonhou hoje, Harry?"

Essa pergunta também se tornara um hábito, ao longo da semana. Era a terceira vez que Theo perguntava. O primeiro dia recebeu uma resposta vaga, por falta de tempo. O segundo, nada que valesse realmente a pena compartilhar. Mas essa vez era diferente. 

Ela sabia que havia tido um pesadelo. Havia observado que Harry tinha um sono muito quieto, mas naquela madrugada, se remexera entre os lençóis quase o tempo inteiro, e acordou em um susto quando o sol estava quase por despertar. Era bem cedo ainda, poderiam ter voltado a dormir, mas Theo fez questão de mostrar que havia acordado também.

Não foi estúpida dessa vez, em tentar forçar um assunto do qual ele queria evitar, já notou que não funcionava. Começou uma conversa muito singela, sobre um assunto tolo qualquer. Os dois tão próximos no colchão que os narizes quase se encostavam enquanto conversavam. Harry segurava uma das mão de Theo, ela podia sentir que seu pulso ainda estava acelerado, apesar dele não demonstrar mais nada. 

Ela observou como Harry ficava diferente sem os óculos redondos, o tom intenso de verde em seus olhos encontrava diretamente os dela, carregados de sono e ainda um pouco de susto. Despretensiosamente, Theo correu os dedos pelos cabelos desarrumados e escuros, os tirando do caminho para que pudesse ver o rosto dele com mais clareza. Ele fechou os olhos mais uma vez quando ela encostou na cicatriz de raio, Theo sempre achou que havia uma beleza muito única ali.

— Acho que você é a pessoa mais fascinante que eu já conheci...— ela murmurou, segurando o rosto dele com leveza. Harry abriu os olhos devagar, esboçando o início de um sorriso.

Theo sabia o que estava fazendo, sabia que estava criando um ambiente seguro e confortável primeiro. Queria que ele baixasse a guarda, e queria fazer a pergunta pela terceira vez na semana. 

— Com o que sonhou hoje, Harry? — perguntou, finalmente.

Ele não respondeu de imediato, se espreguiçou por um instante, puxou Theo mais para perto preguiçosamente. Ela apenas esperou que se acomodasse, continuava segurando uma de suas mãos.

— Não sei se foi exatamente um sonho...ao menos, não de início, foi uma lembrança. — Harry falou, em tom baixo. Olhava para o teto enquanto abraçava ela, buscando as palavras certas. — Eu não paro de voltar pra aquele cemitério, sabe? Sempre... sempre vejo as lápides de novo... e então Cedric indo atrás de uma sombra misteriosa...e...bem...

Ele não quis terminar de falar, Theo segurou seu rosto com uma das mãos carinhosamente, buscando oferecer algum tipo de apoio. Não havia muito mais que pudesse fazer além disso, e de sentir o próprio estômago afundando em remorso.

— Mas o sonho nunca acaba quando ele morre...sempre acaba no rosto dela. Sempre consigo ver aquela máscara horrível denovo. — Harry continuou, finalmente olhara para Theo, a ponto de ver sua expressão confusa. — Odeio não saber quem é a Coral. Ela pode estar em qualquer lugar! Está livre e impune! Enquanto Cedric está morto... isso é a maior injustiça de toda essa situação.

𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 | harry j. potterOnde histórias criam vida. Descubra agora