𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 22: 𝕿𝖆𝖑 𝖕𝖆𝖎, 𝖙𝖆𝖑 𝖋𝖎𝖑𝖍𝖆

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TW:  ansiedade, ataque de pânico. 

• se um desses tópicos é um gatilho para você, recomendo que pule a última parte do capítulo (a segunda vez que aparecerem os três pontos '. . .'). E se cuide! 

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Era um quarto relativamente clássico, com móveis feitos de mogno, carpetes feitos á mão, pinturas retratadas em quadros na parede e se avistava o brilho instigante do ouro sendo utilizado periodicamente na decoração. Era um belo quarto, mas não se parecia em nada com um que pertencesse a uma criança.

Contudo, havia sim uma criança vivendo ali. Um berço de mármore fora colocado no local designado para a cama, e naquele momento a garotinha, que devia estar com no máximo um ano de idade, o ocupava.

Ela era uma graça, usava um vestido rosa um tanto espalhafatoso, suas bochechas eram fartas e muito rosadas, e os olhos da menininha eram grandes, grandes e azuis como o céu da manhã. Theodora Riddle, foi uma criança tão fofa quanto peculiar. E esse era um fato prestes a se provar.

A pequena estava em pé, se segurando nas bases do berço e murmurando linguagem de bebê, observava os bichos de pelúcia diversos que fazia flutuar magicamente ao seu redor, sem a menor consciência que estavam em seu controle. E sem consciência também do perigo eminente que se aproximava.

Entre os animais fofos e felpudos que flutuavam, havia uma serpente confundida. E era justamente o réptil desconhecido que lhe chamava atenção. As escamas se espalhavam pelo corpo cilíndrico e comprido, em anéis que alternavam por vermelho, preto e branco por volta de toda a base, sua cauda balançava perigosamente em sentido defensivo. Como teria ido parar lá, entre os brinquedos de uma criança mágica? Estava irritada, e não era um bom sinal que fosse o único outro ser vivo além da bebê naquele cômodo.

A pequena Theodora, fascinada com o brilho das escamas, se colocou nas pontas dos pés, projetou-se para frente e estendeu a mãozinha gorducha para tentar tocar a serpente. Para ela, era hipnotizante.

"Se afaste!" sibilou o animal, se balançando para desviar do toque dos pequenos dedos. Ainda suspensa no ar entre um elefante roxo e um ursinho peludo.

A menininha não se afastou porém, nova demais para entender palavras de humanos e cobras. Tentou segurar a cobra com mais firmeza, e a serpente por fim se chacoalhou, avançando suas presas para um perfeito bote no pulso da criança.

Um choro alto e infantil cortou o silêncio que antes se fazia, todos os objetos que pendiam no ar desabaram conforme a dor da mordida tomava conta da pequena Theo, e a serpente culpada, enfim liberta, pode rastejar para se esconder.

Agora a criança estava sentada no berço, o sangue que escorria de seu braço manchava seu vestidinho rosa e os lençóis de algodão, continuava a gritar a todos os pulmões, na esperança de ser ouvida. Ainda havia tempo para ela fazer isso, pois assim que aprendesse a civilidade acabariam seus dias de gritar por algum tipo de ajuda.

A porta rangeu ao ser aberta, revelando uma silhueta de um homem que adentrava o quarto. Irritado e querendo descobrir o motivo do choro da menina.

O homem era alto, devia estar entre seus 50 anos, pois os cabelos pretos eram marcados por faixas grisalhas, e vincos da idade já eram visíveis em seu rosto. Ainda assim, a aparência era imponente, e de certo modo intimidadora. Era humano, mas seus olhos grandes e azuis não possuíam o menor rastro de humanidade, apenas uma sombra contínua e sobrenatural.

O efeito normalmente esperado era que uma figura impositiva como ele colocaria pavor em uma criança pequena, mas ao passo em que se aproximava do berço, a garota parava de chorar tão desesperadamente.

𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 | harry j. potterOnde histórias criam vida. Descubra agora