𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 16: 𝖕𝖎𝖔𝖗 𝖖𝖚𝖊 𝖉𝖗𝖆𝖌𝖔𝖊𝖘

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Se perguntassem a Harry o que ele, sem quase nenhum conhecimento sobre atuação, estava fazendo nas ultimas fileiras de um auditório em uma aula de teatro ele teria respondido: "Não tenho ideia."

A verdade é que quando Theo começou com essa história, e mais e mais pessoas começaram a se inscrever para o teatro a garota ficava cada vez mais nervosa. E Harry não teve a menor condição de negar quando ela lhe pediu para estar lá no primeiro ensaio.

Claro, não tinha mais nada de importante para fazer. Considerando que Ron não falava mais com ele e que Hermione estava ocupada demais estudando coisas chatas. Agora que Hogwarts inteira decidira que o odiava e que Cedric era o verdadeiro campeão de Hogwarts não se havia muito o que fazer.

Suspeitava que tudo ficara muito pior com o artigo que Rita Skeeter publicara, Harry ainda sentia o estômago borbulhar de raiva ao lembrar.

Agora, naquela noite tempestuosa que fora a única livre para todos os vinte participantes do teatro, Harry se enfiara nas fileiras do fundo, enquanto todos se aglomeravam perto do palco. Achava que poderia apoiar Theo sem precisar interagir com aquela gente que não gostava tanto dele assim. Ate mesmo Cedric Diggory havia aparecido o que era uma surpresa.

Uma tempestade se formava do lado de fora, e o som da chuva batendo contra as janelas lembrava uma melodia de rock. Harry estaria prestando atenção nisso normalmente, se não houvesse outra coisa tomando toda a sua atenção.

Theo era a única que estava em cima do palco. Todos eles discutiam sobre a peça que iriam interpretar, Macbeth. Ao que Harry entendera até agora era sobre um cara que foi manipulado pela esposa para matar o rei e tomar o trono. A garota sonseriana discursava sobre maneiras de recriar algumas das cenas e dava exemplos de como deveriam ser os personagens interpretados. Ela estava com um brilho grandioso e entusiasmatico ao seu redor, qualquer um que a visse saberia o quanto ela amava estar ali. Harry achava que não era o único hipnotizado por ela, mas gostava da sensação por algum motivo.

Theodora. Por vezes Harry achava que ela se parecia com um anjo. Era a única pessoa do mundo capaz de ainda fazer ele sorrir em tempos como aquele. Ela fazia o Torneio Tribruxo não parecer tão assustador assim. Na verdade, nos últimos dias ela parecia ser a única pessoa a achar que ele tinha realmente alguma chance.

Theo, Theo, Theo...Theo e sua paixão incompreensível por teatro. Theo e seus cabelos escuros sempre presos. Theo e sua alma gentil, que sempre se preocupa com todos.Theo e seus olhos tão gélidos quanto sua pele, mesmo no verão. Theo e seu ar misterioso, como um segredo particularmente instigante o qual Harry nunca seria capaz de desvendar completamente.

Por alguns milésimos de segundo, o olhar azulado de Theo na beirada do palco encontrou com os olhos verdes de Harry na última fila. A garota sorriu, e Harry piscou levemente para ela fazendo-a revirar os olhos, e continuou a intepretar um teste junto com Diggory. Foi o simples relance de interação que fez Harry buscar um pedaco de pergaminho e uma pena em sua mochila.

Fazia um bom tempo que não desenhava nada. Não considerava o seu auge, como a música, mas era uma boa distração. Mas aquela imagem de Theo em cima daquele palco de madeira, com os cabelos ondulados soltos, e interpretando com tanta intensidade...precisava ao menos tentar desenhar isso.

Não era muito difícil, por algum motivo. Acertar a perspectiva era mais trabalhoso do que fazer os esboços se parecerem com a garota. A aparência dela era marcante o bastante para ser reconhecida, e Harry por algum motivo lembrava todos os seus traços de cor.

O tempo em que os futuros atores levavam discutindo falas e traços de roteiro, figurinos e cenários, e audições e monólogos, Harry se deixava levar pelo som da chuva e pelos traços em grafite que se formavam. Até que não estava ficando ruim, o garoto pensou e sorriu para si mesmo.

𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 | harry j. potterOnde histórias criam vida. Descubra agora