TW: morte; violência moderada;
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O entendimento da morte vinha para Theodora como um zumbido indefinido e constante. Algo que não parecia de forma alguma sólido, mas sim uma massa cinzenta e melancólica se apossando de toda sua mente, a impedindo de raciocinar, sentir, ou esboçar qualquer reação.
Nada. Não poderia pensar em nada, pois todas as suas células cerebrais trabalhavam para processar a ação tomada anteriormente. E a incalculável consequência da mesma.
Algum lado de seu subconsciente tinha ciência que os eventos continuavam a se desenrolarem além dela. Havia movimento, e sons a sua volta, mas Theo já não respondia a nenhum desses estímulos básicos dos sentidos. Era como se não tivesse mais controle algum sobre seu corpo, apenas uma vazia sensação de mera realidade.
O corpo de Cedric continuava imóvel no chão, bem diante de seus pés. Os olhos ainda abertos e reais, mas se ainda eram como a janela de sua alma, a casa estava totalmente vazia. Estava morto. O coração havia parado de pulsar, o pulmão sem funcionamento, e era absurdo que não houvesse sangue algum para manchar as mãos de Theo, uma vez que fora ela a abatedora de sua vida.
Não parecia nada certo. Aquele cenário era como um sonho distante. Um pesadelo. É, sim, era isso. Era um sonho ruim, e ela a qualquer momento iria despertar assustada, porém segura em sua cama. Segura e ainda inocente. Era um pesadelo, e esse era o motivo de tudo parecer borrado, vazio, e com vozes atrás dela que eram indefiníveis.
Não podia ser real que Cedric Diggory estava morto, enquanto ela estava ali, respirando e parada como uma tola. Não poderia ter sido ela a assassina. Não poderia porque ela não havia conseguido executar uma Avada Kedavra. Nunca. Nem uma vez. Como teria tido sucesso justo em um de seus amigos?
Não que fosse muito próxima de Cedric...mas conhecia ele. Sabia que ele era gentil, e que gostava de ensaiar teatro de manhã ao invés de tarde. Sabia que ele gostava de esportes, e que ele detestava quando algo atrasava. Ele era um jovem brilhante, com uma família amorosa, amigos, namorada...não estaria morto.
O primeiro retorno a realidade veio por meio da respiração: doía em seu tórax para realizar esse ato tão simples, e somava a sensação de ter levado um soco nas costelas. Se seguisse seu instinto, teria se livrado da máscara quente e daquela capa pesada no ato, em busca por algum tipo de alívio, mas uma parte de seu cérebro ainda funcionava o suficiente para entender que fazer isso a colocaria em problemas.
O segundo baque foi a luz. A luz que emanou subitamente de um enorme caldeirão de granito posicionado a alguns passos atrás dela. Theo soltou um suspiro muito pesado, e teve a reação de se virar para a olhar.
As coisas que voltavam para o lugar em sua mente eram básicas. Seu nome era Theo Riddle, mas ela estava sobre disfarce. Ela estava no cemitério para executar um ritual com perfeição, e então seu pai voltaria ao poder. Harry estava lá. Cedric também esteve, mas agora sobrara apenas seu cadáver inerte. Mas as informações voltavam para sua cabeça embaralhadas, incertas e irreais, como vestir uma roupa do avesso, ou tentar encaixar a peça errada em um quebra cabeça.
Theo acompanhou com o olhar, finalmente distante de Cedric, Peter Pettigrew passar diante dela, encaminhado para o caldeirão. Murmurava coisas como "está na hora...acaba de acender..."
Então a jovem Riddle nem mesmo olhou ao redor antes de seguir direto na direção do caldeirão, tropeçando na capa periodicamente, devido a sua pressa. De repente, precisava do exato contrário que alguns segundos atrás: tinha que se manter em movimento, ocupar o vazio da cabeça com alguma coisa. Não queria olhar para o cadáver de um rapaz de 17 anos nunca mais. Queria distância. Queria fingir que nada ocorrera e seguir com o que fora programado a ela.
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𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 | harry j. potter
Fanfic𝐒𝐀𝐘 𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 || Theodora Elena Lestrange Riddle é uma mentirosa profissional. Uma arma. A garota criada para se juntar ao seu pai em um trono de ossos e sangue, e honrar o legado de terror deixado por sua família. Com um sobrenom...