𝕴𝖓𝖙𝖊𝖗𝖑𝖚𝖉𝖊

270 33 85
                                    





{Mansão Malfoy, Outono de 1986}

A casa da família Malfoy era quase como o palácio da família real. Com pratarias ilustres, uma quantidade absurda de cômodos, mais salões de baile que moradores e imponentes pavões habitando os jardins. Era, em poucas palavras, majestosa.

Majestosa, mas também bastante fria desde a última mudança de estação.

A pequena garotinha que ali vivia observava os pavões de longe, pela janela. Sempre os achou bastante curiosos, e seus grandes olhos brilhantes não se desviavam das criaturas. Ela não falava muito. Sabia sim falar, mas já não fazia isso desde seu aniversário.

Ninguém entendeu bem o porque, mas os curandeiros afirmavam que ela iria voltar logo. Era uma questão de tempo.

Agora, a garotinha distraída estava se dispersando de sua lição de piano. Ela não se interessava por essas notas ou cifras. Na verdade, queria que tivessem levado-a ao cinema. Mas eles nunca levavam.

— Theodora, você precisa se concentrar. — bufou a tia Narcisa, sentada ao seu lado do piano. Movendo a pequena mão da garota para tocar as notas certas.— Não quer aprender a tocar logo? O seu primo já conseguiu.

Theo olhou para a tia e balançou a cabeça em um 'não' muito convicto, fazendo a mulher se suspirar. Não haviam muitas coisas das tradições que despertavam o interesse de Theo.

Tentaram piano, violino, francês, ballet e até mesmo russo. Nada que a prendesse por muito tempo.

Claro, era mais facíl quando a criança tentava. Mas agora, ela estava quieta e muito distante na presença dos tios.

Draco era o único com quem Theo ainda falava. Pouco, mas falava. Ela queria agora estar correndo pelos jardins com o primo, inventando uma brincadeira, ao invés de estar empacada ali com suas lições.

— Está tudo bem por aqui? — questionou uma voz firme que adentrava a sala. Lucius estava lá, segurando alguns papeis velhos e com uma expressão nada feliz.

— Theodora não quer tocar piano. Não importa o que eu faça, essa garota é impossível...— reclamou Narcisa.

— Continua teimosa, então? — ponderou Lucius, se aproximando. — Bom, então talvez seja a hora de começar a aprender coisas que realmente importam...

O rosto de Narcisa deixou de parecer contrariado para assumir uma expressão preocupada. Ela olhou para a pequena garota, ainda atenta a janela e suspirou.

— Ela acabou de fazer seis anos, Lucius...é nova demais. — a mulher falou em um sussurro pesado.

— Bellatrix não pensa assim. — foi sua resposta afiada e audível.

Os olhos de Theo se direcionaram assustados para o tio ao ouvir aquele nome. A garotinha recuou por instinto, como se fosse um filhote assustado, mas os adultos não lhe deram a mínima atenção.

— Ora, e vamos deixar Bellatrix mandar na criação dela? A menina não consegue mais falar só de ter encontrado com minha irmã uma vez...— argumentou Narcisa, um pouco irritada. — e não é pra menos...

— Bom, ela é a responsável por Theodora. Não nós. — replicou o homem, rispidamente.— Eu também preferiria que não, mas foi o acordo está lembrada?

— Estou...

— Iriamos criar a Herdeira como uma verdadeira guerreira. Uma comensal da morte. — continuou Lucius, olhando para a garotinha assustada da mesma maneira que olhava para a peça mais importante de um tabuleiro de xadres. — foi a condição para ficarmos com ela. Então, se a Bellatrix quer que ela aprenda já, faremos isso.

𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 | harry j. potterOnde histórias criam vida. Descubra agora