𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 14: 𝖔 𝖈𝖆𝖑𝖎𝖈𝖊 𝖉𝖊 𝖋𝖔𝖌𝖔

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Não importava o que fizesse, Theodora Riddle não conseguia manter o autocontrole de suas próprias pernas, que não paravam de balançar nervosamente embaixo da carteira.

Ela detestava a sensação. Para alguém que prezava estar no controle de qualquer situação, não ser capaz de se fazer parar de tremer, ou fazer seu coração voltar aos batimentos normais, ou suas mãos pararem de arranhar o pulso compulsivamente, era um verdadeiro filme de terror.

A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas corria normalmente, o professor Moody falava alguma coisa sobre resistir a Maldição Imperius, e todos os alunos acompanhavam entretidos demais. Ninguém, para sua sorte, parecia notar sua eminente ansiedade vindo com a força de uma tempestade direto para sua cabeça.

A garota buscou respirar fundo, e copiar alguma da matéria escrita na lousa, mas foi inútil uma vez que suas mãos trêmulas derrubaram o tinteiro em cima do pergaminho. O simples acidente, por mais facilmente resolvível que fosse, pareceu triplicar seu estado nervoso e pânico. Se continuasse nesse ritmo iria acabar por desmaiar.

Ela bufou com raiva ao usar um feitiço baixinho para limpar a bagunça de tinta, havia optado por ficar sozinha nessa aula, e deixar seus três amigos fazerem companhia um para o outro, passara a ter o inconveniente pensamento de que eles nem prezavam tanto por sua amizade assim. E...talvez manter isso não fosse valer a pena, assim como insistir em um início de sentimento idiota com Harry Potter.

— Não quer mesmo sentar com a gente hoje, Theo? — a pergunta no começo da aula veio inesperadamente do próprio Harry, com quem ela ainda estava brigada, mas parecia estar aos poucos esquecendo o episódio do beijo. Ou talvez, como ela, houvesse decidido que era um jogo já perdido há muito tempo.

Ela apenas negou pois sabia que, nem mesmo com suas capacidades de atriz, poderia disfarçar a terrível ansiedade em que estava.

Tudo isso fora motivado por uma carta que ela recebera por Noir naquela manhã, endereçada diretamente da Mansão Malfoy. O pedaço de papel permanecia bem escondido nos bolsos de seu uniforme, provavelmente manchando o grafite com que fora escrita.

Lucius Malfoy, menos discreto do que pensou que seria, confirmou as suspeitas de Theo que algo maior que alguma diversão na Copa Mundial de Quadribol estava sendo planejada pelos antigos Comensais da Morte.

Theodora,

Sua tia Narcisa é clara ao me dizer que não deveria estar lhe enviando essa carta, mas acredito que ela esteja errada. Você já é bastante madura para entender.

Deve ter notado que nossos amigos Rosier chegaram a Hogwarts. Não foi uma coincidência, eu e John tivemos diversas conversas sobre envolver as crianças em planos maiores, e todos foram extremamente a favor. Faça um favor a mim e a si mesma, se aproxime de Phillip e da adorável Beatrice, tenho certeza que a amizade deles lhe dará o tipo de boa influência que você necessita no momento.

Hoje à noite, como bem sabe, ocorrerá o sorteio do Cálice de Fogo. Não lhe contarei nada por carta, especialmente embaixo do olhar fulminante de Dumbledore, mas saiba que tal evento terá relevância maior que imagina para seu pai e para todos os nossos aliados.

Continuarei te escrevendo conforme todo o plano se seguir, serei seu orientador nesse processo, não há porque temer. Mas preciso que siga exatamente o que eu lhe mandar, e não deve em hipótese alguma falhar.

Theodora, é importante que esteja pronta para o que tiver de enfrentar nesse ano. Realmente importante. Estive treinando você por oito anos esperando esse momento chegar. Não decepcione uma linhagem inteira que conta com você.

𝐘𝐄𝐒 𝐓𝐎 𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍 | harry j. potterOnde histórias criam vida. Descubra agora