Capítulo 10 - A lenda de Salen. Parte III.

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Ponto de vista - Amélia Romnly.

- Sou eu, meu amor. - disse, sentindo as lágrimas já se formarem nos meus olhos. Estava tão emocionada em vê-lo novamente que esqueci completamente o que fazia ali e o mais importante, deixei de notar o nojo em seu olhar.

- Seu rei. - me corrigiu, ríspido, e eu me assustei, olhando constrangida para os guardas que faziam a segurança de Salen. Tinham dois. Cada um de um lado do trono. Levei uma mão a minha barriga e tentei fingir que não estava abalada. Por mais que estivesse.

- Meu rei, vim de longe, para apresentar-lhe alguém... - sorri discretamente e desviei meu olhar para os seus. O azul de seus olhos estava bem claro, porém, o brilho característico estava escasso. - ...seu filho. - finalmente completei e ele juntou as sobrancelhas. Se levantando de seu assento e fazendo um gesto com a mão para os guardas saírem. Eles obedeceram sem nem ao menos refletirem sobre.

Eu e Salen ficamos sozinhos. E eu me senti intimidada com a sua presença.

- Meu filho Amélia? Eu sou casado! - gritou, do lugar onde estava e eu recuei.

- Salen...

- Rei Salen. - gritou, me interrompendo e eu me assustei, continuando a falar.

- Por que você está fazendo isso comigo? Esse filho é seu! E eu percorri milhares de quilômetros para apresentá-lo à você... - ele caminhou em minha direção. A cada passo um "toc" ecoava no salão e eu senti que meu coração ia sair pela boca. - ...eu... - não sabia mais do que estava falando. Salen estava perto demais. Sentia sua respiração. - ...eu senti sua falta, meu rei. - disse, fracassada, abaixando a cabeça e encarando seus pés. Só então percebi que tremia.

- Amélia... - ele acariciou minha bochecha e eu senti meu coração parar. Como era possível ele ter tanto domínio sobre mim? Levantei a cabeça e olhei bem fundo nos seus olhos. Salen não parecia feliz. - ...esse filho...eu não posso aceitá-lo. - tirou a mão rapidamente da minha bochecha e suspirou. - você sabe que eu sou casado e...

- Ser casado não te impediu de colocar esse filho no meu ventre. - disse, o cortando e ele gargalhou. Não entendi de cara, então ele disse, segurando meus ombros e me balançando levemente.

- Amélia, Amélia...eu sou homem. - sorriu. - e você é uma bela mulher. - me analisou da cabeça aos pés. - mas, querida... - segurou meu queixo, me fazendo olhar nos seus olhos. Estava assustada. - ...eu nunca te amei.

Aquelas palavras foram como golpes. Senti meu coração se partir em pedaços ali mesmo.

- Salen...

- Eu não te culpo... - virou as costas para mim e caminhou até seu trono novamente. - ...vocês mulheres se iludem muito fácil. - me senti no chão. Humilhada e derrotada.

- Mas e todas aquelas palavras? - tentei segurar o choro inevitável.

- Quais? - não respondi e ele deu de ombros. - tinha mais alguma coisa para falar comigo, Amélia?

- Pra que dizer que me amava? Foi tudo da boca pra fora? - gritei. - "eu quero te gravar desse jeito, Amélia". - repeti o que ele havia me dito naquela última noite e senti meus olhos marejarem. - "eu te amo" - respirei fundo antes de continuar. - isso não pode ser tudo mentira, Salen. Você não é assim. - falei.

- E quem é você para saber quem eu sou, Amélia? Eu não te amo mais. Você está morta para mim. - fez uma pausa. - aliás...guardas! - gritou, e logo, os mesmos que estavam ao seu lado anteriormente voltaram e esperaram novas ordem. - quero ela em uma cela qualquer. - disse, calmamente e eu encarei aquilo tudo assustada. Temi pela saúde de meu filho.

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