- Eu só vou perguntar mais uma vez. Onde está Amélia? - gritou, enquanto se ajoelhava na minha frente, me encarando com seus olhos castanhos gigantes transbordando ira.
- Eu não sei. - disse pausadamente, o mais firme que consegui, ainda sentindo gosto de sangue.
Meu estômago doía e meu nariz sangrava, mas nenhuma dor do mundo me faria soltar aonde Amélia estava escondida. Eu sentia que devia isso a ela.
Ao escutar minha resposta, o homem bufou, deferindo um soco certeiro mais uma vez no meu estômago. Me encolhi involuntariamente e o xinguei em um grito rouco e abafado. Tossindo logo em seguida. Senti meu corpo tremer.
Comecei a puxar minhas mãos com força, tentando de certa forma desatar aquele nó, mas era inútil, estava amarrada de forma permanente à cadeira.
- Como é tola! - gritou, se colocando em pé de uma vez só e chutando minha canela logo em seguida, me fazendo gemer de dor mais uma vez. - Só me diga onde ela está e você pode ir. Ela merece mesmo todo esse seu sofrimento, Hayley?
Encarei seu rosto por um segundo, respirando fundo e tentando me recompor dos recentes golpes. Ele seguiu minha movimentação e pousou o olhar no meu. Finalmente me permiti responder.
- Não faço ideia de onde ela está. - sorri, apenas para provoca-lo, assim que terminei minha da frase. Encarei então, o homem a minha frente, já esperando o próximo golpe. Estava começando a me acostumar com todo aquele ardor por todo o meu corpo depois de longas sessões de socos e tapas, mais um não faria diferença.
- Sua maldita... - começou, puxando meu cabelo e em seguida deferindo um tapa forte em meu rosto, forte o suficiente para me fazer cair para o lado, levando a cadeira junto, que não demorou muito para ceder, e derrubas nós duas no chão.
Bati com o ombro, amortecendo a queda e não encontrei forças para levantar. Meu rosto queimava no local onde havia levado o último o tapa e meu corpo todo pinicava.
Estava deitada de lado, respirando com dificuldade, quando comecei a sentir sangue escorrer horizontalmente pelo meu rosto suado e pingar no chão frio de madeira escura. Não tinha forças para ter qualquer reação que fosse, apenas encarei aquele líquido viscoso manchar a madeira ao meu lado por um tempo que pareceu infinito, sem conseguir desviar a minha atenção, só o fiz de verdade quando fui subitamente colocada ereta novamente, e a cadeira sobre suas quatro pernas.
- Basta. - escutei alguém gritar por fim, tentei localizar então, de onde vinha a voz, mas minha visão não focalizava ponto algum. - Ela não vai falar nada desse jeito. - exclamou, e foi aí que eu percebi que se tratava de um segundo homem que acabara de adentrar a sala. Suspirei, sentindo minha cabeça girar, tentando recompor meus sentidos novamente, o que demorou a acontecer. - Vamos deixá-la aqui por um tempo. - disse, me encarando da cabeça aos pés. - Voltamos amanhã. - completou por fim, virando de costas e chamando o homem que antes me batia para ir atrás de si. O mesmo obedeceu friamente, copiando sua movimentação a passos largos.
- Espero que aproveite a estadia. - fez questão de dizer segurando com força a maçaneta da porta e ostentando um sorriso bizarro no rosto. - Nos vemos amanhã. - completou por fim, batendo a porta atrás de si e me deixando sozinha e atordoada, mais uma vez.
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Não sabia quanto tempo havia passado desde que aquela porta havia sido fechada, mas parecia que tinham se passado anos.
Fitava o vazio. O quarto era escuro e não tinha mobília alguma. Eu e a cadeira na qual estava amarrada éramos as únicas coisas tridimensional ali, nem janela havia, muito menos lâmpadas.
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Scaban [Completo]
Fantasy[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...