A "jaula" girava ao meu redor. Não entendia se as grades de metal estavam no teto, na parede ou no chão mesmo, pois cada vez que eu piscava, ela parecia se fincar em algum lugar diferente. Balançando como se estivesse seguindo o ritmo de uma música, no mudo.
As garras metálicas refletiam um pequeno feixe de luz que vinha de algum lugar ainda desconhecido para mim e uma grande quantidade de palha se acumulava na frente dos meus pés descalços. Mas eu não conseguia entender o que acontecia, pois o enjoo me obrigava a continuar deitada. Tinha pouca noção do que tinha acontecido comigo, e não conseguia processar as poucas informações que tinha com minha cabeça pesada daquele jeito.
Meus membros estavam amortecidos, impossibilitados de qualquer movimento. Não sabia se estava presa ao chão, se estava imobilizada, ou se tinha sido realmente anestesiada. Será que ainda tinha braços e pernas? Não sabia dizer, porque não conseguia focar minha visão em nada.
Mas que diabos estava acontecendo? Me perguntava, mas não conseguia ficar consciente tempo suficiente para entender.
Havia acordado há alguns minutos, mas sinceramente, preferiria ter ficado dormindo. Pois estar acordada era estranho demais.
Deitei minha cabeça na parede fria atrás de mim, fechando os olhos bem forte, tentando me livrar daquela situação, consciente o suficiente para entender que havia sido sequestrada. Mas por que me sentia daquele jeito? Tão...doente.
- Hayley? - escutei alguém me chamar, em um sussurro, me obriguei então, a abrir meus olhos. Encarando mais uma vez a grade a minha frente balançar. Não enxerguei ninguém.
- Quem... - fiz uma pausa, engolindo, tentado controlar o enjoo. - Quem está aí? - pisquei diversas vezes, tento uma pequena visão de um vulto atrás das grades. Não soube dizer quem era.
- Hay, sou eu, Ravi. - ao escutar suas palavras, senti meu estômago embrulhar. Ravi? O que ele estava fazendo ali?
- Ravi... - consegui dizer, limpando minha garganta para soar mais clara. - O que está acontecendo? Não consigo... - tive que fazer uma pausa, sentindo as palavras simplesmente sumirem da minha boca. Estava realmente mal.
- Eu estou aqui pra te salvar. - disse, rápido, então me forcei para encara-lo, encontrando suas mãos firmes segurando a grade. Ele estava ali para me salvar? Ele estava ali para me salvar! Senti uma alegria repentina.
- Ravi...eu acho que eles me deram alguma coisa... - comecei, falando mais baixo do que eu esperava. Me revirei, tentando ter uma visão de Ravi mais uma vez, já que tudo havia ficado muito quieto novamente. - Ravi? - arrisquei chamá-lo, sentindo meu estômago revirar.
- Fique tranquila meu amor, já estou terminando aqui. - não sabia se havia entendido suas palavras direito, mas aquele "meu amor" me parecia errado. Consegui enxergar seu rosto por completo, confirmando que era ele que estava ali, parado do lado oposto da grade, mexendo em alguma coisa. Mas ele parecia diferente, mais...distante.
- Ravi...o que você está terminando? - perguntei, desconfiada. - O que você está fazendo aqu... - minha cabeça girou e eu fechei meus olhos por instinto, não conseguindo terminar minha frase. Me sentia muito mal. Muito mal mesmo. Dolorida, como se tivesse sido atropelada por um caminhão.
- Estou te salvando. Você fez o favor de ser pega mais uma vez. - cuspiu as palavras de forma hostil. O que ele queria dizer com isso? Resolvi não ligar.
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Scaban [Completo]
Fantasia[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...