Caminhamos a noite inteira, sem descansar nenhum segundo. Admito que não havia sido preparada para aquele tipo de situação e juro que Ravi estava fazendo de propósito. Ele queria me fazer desistir e admitir que não aguentaria segui-lo, mas garanto que isso ele não tiraria de mim.
O dia estava clareando e eu estava sedenta e aspirando loucamente por um tempo de descanso. Durante o caminho passamos por um riacho e bebemos um pouco de água, porém, agora sofríamos com a falta dela. Não tínhamos nada para armazená-la e o pouco que foi ingerido já foi liberado com o nosso suor.
Ravi caminhava um pouco a minha frente. Ele havia tentado me ajudar, cedendo seus sapatos para mim, porém, ficaram muito grandes e de nada serviram. Optei então por continuar descalça, muito agradecida pelo seu gesto zeloso.
Estávamos indo para Aggy. Me lembro de ser orientada a ir exatamente para lá, e eu disse isso para Ravi, que assentiu, afirmando: "se existir uma resposta, encontraremos lá, com certeza.", eu perguntei então quem habitava Ally e ele me disse que duendes. Eu ri. Mas ele não.
Duendes, sério isso?
Ainda não entendi como funcionava Scaban, se era como se fosse um país e seus vários estados ou se era um mundo com seus distintos países. Ravi não soube me responder, disse apenas que era uma ilha, habitada por diversos tipos de criaturas, de duendes a gigantes, e eu só fiz caçoar daquilo tudo.
Esses tipos de criaturas não são a minha praia.
Já fazia tempo que caminhávamos por lugares íngremes, ou seja, estávamos subindo, lentamente. Minha respiração já estava ofegante e faltava pouco para eu deixar meu orgulho de lado e implorar por uma parada. Mas, antes que minha resistência me abandonasse, chegamos ao que parecia ser o topo, e agora caminhávamos normalmente.
- Ravi. - o chamei, e ele virou a cabeça em minha direção. Percebi que sua camiseta estava um pouco desabotoada e as mangas estavam dobradas. Seu cabelo estava bagunçado e suas bochechas rosadas. Sorri ao vê-lo daquele jeito e não entendi o porquê. Ele só estava uma graça dessa forma. Parecia quase vulnerável...
- Oi? - ele disse, em resposta e eu me assustei. O que eu ia dizer mesmo?
- Falta muito? - perguntei, após pensar um pouco e relembrar o que queria ter dito. Nossa, o que tinha acontecido ali?
- Não, na verdade, já chegamos. - ele sorriu e parou subitamente, juntei as sobrancelhas e continuei a caminhar até parar ao seu lado.
Tudo que sobe, desce.
Estávamos no topo de uma pequena montanha. Logo abaixo de nós havia grama e uma pequena vegetação, pareciam flores. Flores vermelhas. Enfeitavam todo o caminho até, pelo que parecia, a grama verdinha terminar. Sorri com tamanha beleza.
O sol esquentava minha cabeça, mas a grama de certa forma, acariciava meus pés. Um vento fresco batia no meu rosto e fazia meu vestido voar todo atrás de mim. Continuei olhando para frente e percebi algo diferente logo após o término das flores. Um muro? Parecia um muro. Juntei as pálpebras para tentar enxergar melhor e tapei o sol com uma das mãos. Definitivamente era um muro. Não consegui porém, deduzir o tamanho da construção, pois estávamos longe.
O muro começava logo depois que o tapete de flores terminava, e eu achava estranho o fato de depois dele, tudo parecer perder a cor. Depois do muro, não havia mais grama, apenas um caminho de terra comprido, que se estendia um pouco e subia por mais uma montanha. Mais uma montanha, mas essa, por sua vez, não era encoberta por vegetação, mas era vermelha escura, quase marrom, cor de terra.
Mais uma montanha, pelada dessa vez... Torci para não termos que escalá-la também.
- Vamos? - perguntou Ravi, me tirando de meus pensamentos e eu o encarei.
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Scaban [Completo]
Fantasía[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...