Capítulo 11 - A doce voz do cupido.

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De que adiantava correr se eu não conseguia enxergar quem me seguia? Não sabia se tinha despistado o homem, ou se ele estava escondido em algum lugar, esperando à espreita. Já tinha corrido por cerca de quatro quarteirões e meus pulmões explodiam. Sentia todos os músculos do meu corpo trabalharem, e isso não era agradável. A sensação de estar sendo seguida era ainda pior. Pressentia olhares sobre mim a cada passo que eu dava. Estava em pânico, correndo às cegas, atrás de alguém que eu não sabia mais se devia confiar, pois uma voz na minha cabeça me dizia que isso era o certo.

Estava ficando louca.

Não tinha plano algum. Apenas corria de forma aleatória pelas ruas vazias de Finex. A espada de Ravi estava em mãos, e fazia barulhos ao rasgar o ar.

Continuei a correr por mais dois quarteirões até que senti que cheguei ao meu limite. Então me permiti descansar, ou melhor, não tive escolha.

Apoiei meu corpo na parede e me joguei no chão. Ofegante. Tentava ritmar a minha respiração, mas o medo de ser surpreendida por um soco ou uma voz não me deixava em paz. O "ser forte" que eu tanto tentava nutrir, não fluía mais nas minhas veias. Não tinha nascido para aquilo.

Fiquei um tempo daquela forma, jogada no chão, até que finalmente consegui controlar novamente o ritmo do meu coração.

Ok Hayley, sejamos práticas e racionais. Se você fosse Ravi, pra onde iria?

Olhei ao redor e não enxerguei nenhuma possível opção. Será mesmo que ele tinha tido alguma opção? Será que ele estava vivo? Encarei a espada na minha mão e suspirei. Não consegui sentir raiva de Ravi, muito menos desconfiar dele, e eu sei que devia, mas cada célula do meu corpo parecia apoiar a minha decisão de procurá-lo. Cada célula do meu corpo apoiava o fato de arriscarmos a nossa vida por aquele homem.

Me levantei e dobrei as mangas da camiseta gigante que cobria meu corpo. Lembrei então de Drago. Será que ele tinha encontrado Ravi? Olhei para o céu e percebi que a luz do sol ainda estava forte em minha cabeça. Bom sinal. Ainda não era tempo de voltar para casa de Drago, e desistir.

Comecei a caminhar devagar, olhando para trás de vez em quando, apenas para conferir de que não estava sendo seguida. Tentei pensar mais uma vez no que fazer para encontrar Ravi, contudo, nada vinha à minha cabeça. Então eu apenas andei, e quase rodei Finex inteira.

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O sol já estava a ponto de se pôr e minhas pernas doíam de tanto que eu tinha andado. Meu estômago roncava e minha boca estava seca. Arrastava a espada pelo chão, formando linhas curvas atrás de mim. Estava destruída, acabada. Mas ainda não tinha desistido de encontrar Ravi. O quão grande era Finex? Já estava andando a horas, e o cenário não parecia mudar, o tempo não parecia passar...

Você está andando em círculos.

Escutei alguém me dizer, na minha cabeça. A mesma voz feminina de antes. Gelei, me virando para todos os lados, a procura de alguém. Estava sozinha. Nenhuma alma viva por perto. Estava ficando louca, essa era a única explicação. Resolvi então ignorar aquela voz irritante e continuar a andar.

Não adianta andar, fique parada por um segundo.

A voz me orientou, ecoando na minha cabeça mais uma vez. Me desesperei.

- Quem é você? - gritei, sozinha, no meio da rua. - você está querendo me enlouquecer? - senti meus olhos marejarem. - por que tudo isso? Por que? - não houve respostas, então eu me ajoelhei. - quem é você, por favor... - estava ridícula, ajoelhada no chão, com a expressão vazia e os olhos cheios de lágrima. Me sentia uma derrotada, maluca, fraca. Tudo que estava acontecendo comigo não fazia o menor sentido. Eu só queria minha antiga vida de volta...

Scaban [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora