- Me largue agora mesmo, Alberg!
Escutei uma voz feminina gritar, em alto em bom som, enquanto terminava de correr escada acima e finalmente chegava ao quarto em que todos estavam, empurrando, ofegante, Ravi, que estava tapando a visão de dentro do cômodo com suas costas largas.
- Você não vai sair daqui enquanto não me explicar o que isso significa. – Alberg rosnou em resposta, puxando uma mulher pelo braço. Rosa. Só podia ser Rosa.
Encarei rapidamente aquela movimentação, pousando meu olhar em Drago, que encarava toda aquela situação indiferente, com os braços cruzados, no canto do quarto.
Depois de alguns segundos que eu havia chegado ali, a mulher pareceu finalmente perceber que ela e Alberg tinham companhia ao arregalar os olhos ao encontrar com os meus.
E eles estavam lá. Azuis como o céu. Nada daquele branco sinistro que ela ostentava quando falou comigo pela primeira vez. Nada. Nadinha.
Ela parecia quase uma pessoa normal aqui.
Usava um vestido bem-comportado, sapatilhas, tinha o cabelo escuro bem escovado e as bochechas coradas.
Bem diferente da primeira vez que a vira. Bem diferente de "Tabata".
- Céus! Todos estão aqui? – Perguntou, puxando seu braço com força, tentando livrar-se de Alberg, mas este não fez nem menção de que pretendia solta-la alguma hora. – Até mesmo você, sua irresponsável! – Gritou, apontando em minha direção.
Juntei as sobrancelhas, fazendo uma careta, surpresa.
- Que se danem todos eles, Rosa. Olhe para mim, droga! – Xingou Alberg, mais uma vez puxando-a, o que pareceu finalmente alcançar seu proposito de chamar a atenção de Rosa.
- Você vá se ferrar, seu covarde! – Xingou de volta, empurrando-o. Alberg revidou, encarando-a antes de puxar com mais força seu braço em sua direção. – Você está me machucando, Alberg. – Anunciou, sem encara-lo. Ele apenas ignorou.
Percebi que aquilo não ia terminar bem.
- Ravi? – Chamei-o, em um sussurro, tentando não chamar a atenção de mais ninguém, apenas daquele príncipe que estava na minha frente.
Ravi apenas virou um pouco a cabeça para me escutar melhor.
- Me largue agora mesmo! – Rosa reclamou, mais uma vez, alto o suficiente para todo o castelo ouvir.
Mordi os lábios.
- Ravi...isso não vai acabar bem... – soltei, sem encara-lo. Ele apenas assentiu rapidamente com a cabeça, com o olhar fixo no casal a nossa frente.
Alberg bufou, subitamente.
- O que você veio fazer aqui, Rosa? – Perguntou, parecendo finalmente retomar seu controle, soltando finalmente os pulsos marcados de Rosa, que bufou, recolhendo seus braços de forma dramática, respondendo logo em seguida.
- Você precisa perguntar? Não é óbvio? Maldição!
- Óbvio? Por que seria óbvio? – Alberg indagou, encarando-a.
Era obvio porque ela estava aqui. Bela. Ela sempre estava onde a menina estava. Mesmo que fosse apenas na sua cabeça, assim como Bela tinha afirmado tempos atrás.
Mas isso não era obvio para Alberg, que havia acabado de chegar de um mundo completamente diferente e não fazia ideia que sua filha estava viva.
Senti subitamente compaixão por aquele sujeito grosseiramente estranho. Ele estava quase tão por fora quanto eu estava na primeira vez que coloquei os pés nessa deplorável Scaban.
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Scaban [Completo]
Fantasy[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...