Capítulo 46 - Um dia...talvez dois.

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Um dia depois.

Os bruxos chegaram no começo da manhã, sendo anunciados pelo próprio Jop, animado e saltitante.

As cortinas foram abertas quando o sol nem mesmo havia nascido e pela janela eu pude ter a visão completa do multidão de capas vermelhas que se acumulava na frente do castelo, como um verdadeiro mar de pessoas. Um mar vermelho. Só faltava Moisés.

Jop corria para acordar o castelo. Eu corria para enxergar nosso exército, usando uma das camisolas reais da minha bisavó, que mais pareciam os meus vestidos de festa, e uma sapatilha extremamente desconfortável, ansiosa e sonolenta.

A janela do quarto em que eu estava hospedada, sozinha, dava direto para a entrada, alagada por bruxos vermelhos, do castelo. O que era um dos pontos fortes visto que antes daquela inundação necessária, o jardim bem cuidado da Majestade iluminava os meus olhos.

- Eles são todos feios? – Drago perguntou, assim que chegou ao meu lado e enfiou a cabeça pela janela, assustando-me com sua presença repentina.

- O que? Por quê? – retruquei, cruzando os braços e me virando para encara-lo, ajeitando durante o percurso meu cabelo embolado.

- Por qual outro motivo eles teriam que usar essa capa horrorosa?

Sorri, encarando aqueles bruxos lá embaixo, ansiosa. Não consegui me concentrar o suficiente para fazer alguma piada, ou retruca-lo. Estava extremamente compenetrada naquela cena, e no que ela significava.

Haviam muitos bruxos. Centenas, talvez, assim como Jop havia nos orientado. Eles manchavam todo o jardim da rainha com o tom vermelho de suas capas enormes.

Eles estavam ali. Prontos. Parados, esperando a permissão para entrar. Prontos para lutar pela sua causa. Pela minha causa. Para matar meu avô.

- Hayley? Preciso te perguntar uma coisa – Drago começou, receoso, retirando-me de meus pensamentos. – O que faremos na hora da batalha sobre...

Fez uma pausa.

- Sobre...? – incentivei-o a continuar. Ele abaixou o tom de voz.

- Sobre a minha atuação...

- Sobre você não ser um bruxo? – perguntei, baixo. Ele assentiu com a cabeça. Cruzei meus braços, ignorando os bruxos lá embaixo e encarando o Trox na minha frente. – Você vai lutar. – soltei. O que era óbvio, e não a resposta que ele esperava.

- Mas como? Como um...Trox? – perguntou, receoso. Cruzei os braços.

- Não sei – admiti. – Você que sabe.

- Eu que sei? – perguntou, incrédulo. – Hayley. Me de uma direção!

- Você quer lutar como um Trox? Vai em frente! Assim teremos mais chances – comecei, encarando-o. – Mas você quer lutar como um bruxo sem mágica? Tudo bem. Vai em frente. O segredo é seu, Drago. Você decide o que fazer com ele – completei, fazendo Drago bufar.

- Não me dê liberdade de escolha, Hayley – começou. – Eu não sei o que fazer.

Bufei. Eu não sabia o que ele devia fazer também.

Durante a "reunião de estratégias", como eu preferi chamar a breve conversa irritante que tive com o orgulhoso Alberg, não havia comentado, obviamente, nada sobre a atuação sem mágica de Drago, admito que ao menos havia me lembrado disso.

- Hayley?

Drago chamou-me mais uma vez, chamando a minha atenção por uma segunda vez. Mordi meus lábios.

Scaban [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora