Capítulo 39 - Bruxa do Coração de Pedra.

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O resto do caminho pelo bosque havia sido tranquilo, dentro do possível. Havíamos fugido algum momento de umas abelhas gigantes e em outro tivemos que pular animais em decomposição. Mas, fora isso, havia sido uma jornada "tranquila", tão tranquila quanto uma caminhada por um bosque fechado podia ser.

Nós paramos uma hora, e nesse momento tivemos a oportunidade de conversar. Foi ai que eu descobri que Jop havia apagado Drago magicamente, por isso eu não tive ajuda deste nem daquele, que estava muito ocupado derrubando uma sereia e mantendo Drago desacordado. Quando Jop contou que havia usado magia, abertamente, me senti uma tremenda idiota. Por que eu não tinha pensado nisso? Quase havia me matado e matado Ravi atoa.

Parabéns, Hayley.

Depois que Jop disse isso, ninguém se pronunciou, graças a Deus, sobre a minha burrice. Drago apenas comentou uma de minhas dúvidas anteriores, que eu havia esquecido de questionar. Ele havia perguntado ao bruxo vermelho o motivo dele ser imune ao encanto das sereias. Jop havia dito que bruxos não eram afetados por coisas mágicas de outros seres inferiores. Nessas exatas palavras. Lembro-me então de ter visto Drago bufar.

- Mas...Drago também é bruxo... – arrisquei perguntar, levando uma olhada julgadora de Jop.

- Ele não usa magia. Nunca. – encarou Drago, com olhar de superioridade. – Nunca. – enfatizou. – Que tipo de bruxo ele é?

Depois disso desisti de comentar qualquer coisa. Drago pareceu não se importar tanto também. Ravi estava quieto, parecendo polir algum pedaço de graveto que tinha nas mãos, e Kioto dormia, descansando na sombra.

Ficamos assim por mais algum tempo, até que Ravi fosse buscar água e Drago cuidasse de nos localizar.

Estávamos bem próximos da fronteira entre o Bosque dos Pesadelos e o Reino dos Troxs, na porção mais Oeste possível, pelo que ele disse. E havia um riacho, sem sereias, aqui perto. A água de lá era bem fresquinha.

Logo depois que traçamos o caminho que devíamos seguir, fomos em frente, não encontrando mais nenhum obstáculo até finalmente alcançar a fronteira.

Foi apenas quando chegamos lá que as coisas começaram a ficar ruins de novo. Bom, não tão ruim para a gente, especificamente, dessa vez.

Os Troxs que pareciam com bastante problema em sua cidade.

De longe já era possível ver que algumas casas estavam demolidas. Mas foi só quando resolvemos chegar mais perto e ver o que realmente tinha acontecido, que foi possível enxergar os corpos jogados no chão.

Parei imediatamente, assustada.

Eu só podia ter visto errado. Não era possível. Parecia haver centenas de corpos jogados pelo que antes deviam ser ruas.

- O que diabos? – escutei Ravi perguntar, chegando ao meu lado. Ele apertava suas pálpebras, provavelmente também tentando enxergar aquele absurdo que nossos olhos pareciam ter visto.

- Aquilo são pessoas? – foi a vez de Drago perguntar, também chegando ao meu lado.

Tentei enxergar direito.

Estávamos a mais ou menos dois quilômetros da cidadezinha, mas era possível sentir um cheiro forte de cadáver. Senti meu estomago embrulhar imediatamente, mas me controlei.

- São corpos. – anunciei certa, engolindo a seco e fazendo uma careta, ainda sem tirar os olhos da destruição a minha frente.

Com certeza havia tido uma espécie de guerra civil naquele local. Não havia outra explicação para tamanha destruição.

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