• Amélia
Dias antes.
- Não, o objetivo não é mantê-la sã, seus imbecis.
Abri meus olhos de uma vez só, inspirando todo o ar possível do mundo para dentro dos meus pulmões antes de finalmente conseguir voltar a minha consciência.
- Droga, ela acordou.
Minha vista estava focando em bolinhas pretas que passeavam a minha frente e sumiam ao caírem no chão branco. Como se fosse flocos de neve. Flocos negros de neve. Senti vontade de vomitar.
- Amélia? – Escutei meu nome ser chamado, ecoando em meu cérebro como se fosse uma bolinha de gude, que fizesse o favor de quicar em todos os meus neurônios.
Pisquei diversas vezes antes de finalmente conseguir enxergar algo além dos flocos de neve pretos.
Foi aí que eu percebi que estava sentada.
Mexi minhas mãos, movimentando meus dedos, sem dificuldade.
Não estava mais amarrada.
Voltei meu olhar ainda um pouco embaçado rapidamente para as minhas mãos antes de finalmente encarar quem me chamava logo a frente.
Bufei, sem paciência. Engasgando com o ar logo em seguida. Escutei uma risada. Óbvio que ele riria do meu estado. Era ele ali, tinha que ser.
- Salen. – Soltei, de uma vez só, tendo finalmente uma visão livre de pontos pretos. O ato de falar fez minha garganta coçar, tossi para aliviar a coceira.
Salen estava lá, parado na minha frente, seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo e sua capa escura estava bem colocada sobre seus ombros.
Droga. Eu ainda estava ali. Prisioneira dele.
Isso não podia ser pior.
- Amélia – começou, caminhando em minha direção e se ajoelhando a minha frente. – Não esperava vê-la assim de novo – completou, com desdém. Não entendi o que aquilo significava de primeira. "Assim" como? – O que diabos deu de errado agora? – Perguntou, alto, enquanto levava uma das mãos ao meu queixo e me forçava a encará-lo. Rosnei, tentando me livrar de suas mãos quentes e molhadas.
- Ela está lutando contra – alguém respondeu, no canto da sala.
Eu estava lutando contra? Contra o que?
- Pois então dê mais sangue a ela. – Salen disse, como se fosse óbvio, finalmente soltando meu queixo e tirando os olhos de mim. – Nós precisamos que isso funcione. Precisamos. Você me entendeu? – Dirigiu-se ao bruxo do canto da sala.
Do que diabos eles estavam falando, céus!
Sangue? Eles iam injetar mais sangue em mim? Comecei a entrar em pânico.
- Amélia, acalme-se, querida – Salen percebeu minha movimentação, voltando seu olhar para mim novamente, acariciando minha coxa. – Eu não deixaria que eles fizessem algo que a prejudicasse.
Empurrei suas mãos para fora da minha perna, respirando de forma desregrada.
- O que você fez comigo? – Perguntei, ofegante, encarando-o a fundo. Sua expressão era ilegível. Ele não respondeu. – Salen – insisti, o mais firme possível. – Responda-me.
Ele respirou fundo, levantando-se subitamente.
- Nós injetamos sangue em você. – Finalmente me respondeu, sério.
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Scaban [Completo]
Fantasía[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...