Capítulo 26 - Nosso laranja de cada dia. Parte I.

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Tinha sido guiada em meio às casas e as ruas de Matri, me sentindo uma boneca Barbie em um mundo de humanos.

Todas as casas eram construídas com pedras em diversos tons de laranja, formando uma certa explosão de cores alaranjadas que chegavam a ferir os olhos. Todas as casinhas tinham ainda, pelo menos, a altura de um prédio de dois andares - incluindo a portaria.

Caminhava de forma firme, apesar de me sentir insignificante no meio daqueles olhares enormes e analisadores.

Respirei fundo, encarando o chão.

Estava sendo guiada até Amélia por um segundo gigante, que tinha descobrido se chamar Tocha. Este era do mesmo tamanho do outro, mas de vez em quando, esboçava um sorriso.

Caminhamos por mais ou menos um quilômetro entre ruas bem feitas com terra e casinhas laranjas, até finalmente alcançarmos uma casinha final, exatamente igual às outras, mas com uma horta bem cuidada na frente.

- Chegamos. - Tocha anunciou, com sua voz alta e firme e eu assenti. - Amélia está aí dentro, Hayley. - confirmou.

- Obrigada, Tocha... - sorri, sem saber direito o que fazer em seguida, então caminhei, a passos lentos, até finalmente chegar na porta gigante, da casa.

Encarei aquele pedaço de madeira retangular maior do que eu e bufei. Odiava Matri. Era horrível ser pequena ali. Como Amélia vivia? Ela era uma gigante por acaso?

A maçaneta da porta ficava bem acima da minha cabeça, então, fiquei na ponta dos pés para alcançá-la, forcando-a pra baixo logo em seguida.

Era pesada.

Continuei puxando a maçaneta, na esperança de abrir a porta, quando escutei uma gargalhada abafada vinda de trás de mim.

Não entendi de cara, mas logo depois, percebi que o gigante caçoava de mim. Bufei.

- Pode me ajudar por favor? - perguntei, tentando não parecer frustrada com aquela situação. Ele sorriu antes de se debruçar ao meu lado e empurrar delicadamente a porta, que se abriu pela metade imediatamente. - Ah... - soltei, sem graça por não ter percebido que na porta grande, havia uma pequena.

Ou seja, eu estava entrando por uma porta do meu tamanho, camuflada em uma porta de gigantes.

Me senti idiota por não ter tentado simplesmente empurrar a porta.

- Eu fico por aqui. - disse Tocha, cruzando os braços. Assenti então com a cabeça, agradecendo mentalmente por ser deixada sozinha, sem alguém com três metros de altura por perto.

Não demorei mais que isso pra tratar de adentrar a casinha laranja, tendo que levantar o pé para não tropeçar em um pequeno degrau que separava a parte de dentro da de fora.

Assim que foquei minha visão na parte de dentro, tive a surpresa de encontrar móveis do meu tamanho.

Um pequeno sofá improvisado com almofadas marfim estava jogado em um canto, ao lado de uma mesinha de madeira enfeitada com um vaso de flor.

A flor parecia fresca e bem cuidada, cintilando um rosa claro. Havia também, uma lareira acesa, estalando perto do sofá.

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