- Isso dá? – Ravi indagou, assim que voltou finalmente para dentro da igreja com os punhos fechados.
Tremi com as possibilidades ao encarar suas mãos apertadas ao redor de alguma coisa. E bom, minhas preocupações se concretizaram quando ele jogou no banco da igreja algumas notas de dez reais. Jesus, ele tinha mesmo roubado alguém!
- Isso da?
Repetiu, e eu não demorei muito então para contar as notas, ainda atordoada, sentindo-me de certa forma, completamente errada na vida; mas, não podia me dar o luxo de lamentar. Tínhamos que sair das ruas antes que fossemos parar na cadeia por termos sonegado o pagamento do hospital e não termos ao menos identificação!
- Ravi... – sussurrei seu nome, dobrando as notas com um sorriso no rosto. – Você conseguiu setenta reais!
- Isso é muito?
Assenti com a cabeça, abismada. Quem ainda andava com setenta reais em dinheiro vivo na carteira?
- Da para pegarmos um táxi – mordi meus lábios, estranhamente nervosa. – Graças a Deus não precisaremos pegar um ônibus...
- Ônibus? O que tem de errado com o Ônibus? – Ravi perguntou, curioso, sentando-se na banqueta, bem ao meu lado.
Haviam várias coisas erradas em ônibus. Mas eu não entraria nessa discussão com ele.
- Não importa – fui rápida. – Precisamos ir logo.
- Certo – soltou, parecendo confuso logo em seguida. – Mas... espera um pouco – pediu, franzindo a testa. – O que é um táxi?
Respirei fundo. Como explicar?
- É uma carruagem? – arriscou, ao parecer perceber que eu procurava alguma definição na minha cabeça escassa de vocabulário.
- Sim! – ele era genial. Exatamente isso que eu precisava. – Uma carruagem... ou quase isso...
- Igual a ambulância?
Fiz uma careta. Ele devia saber o que é ambulância porque devíamos ter andado em uma para ir ao hospital. Deus, eu daria um rim pra conseguir ver como ele se virou lá dentro.
- É... só que menor – soltei, gesticulando. Ravi pensou por um tempo.
- Ah sim – soltou, finalmente. – Tudo bem então. Obrigado.
Dito isso, ele se levantou de uma vez só, entendendo suas mãos para me ajudar a fazer o mesmo. Sem mais perguntas? Isso era novidade. Mas bom, não podia reclamar.
E não o fiz.
Então nos levantamos.
- Hayley... – Ravi chamou-me, cortando os quase cinco minutos de silêncio que havíamos feito ao caminhar com camisolas hospitalares da igreja a calçada. – Eu não entendo nada daqui – anunciou, parecendo engolir a seco. Sua voz foi tão sinceramente doce que eu senti vontade de abraçá-lo, vendo ao mesmo tempo um táxi dobrar a esquina.
- Eu vou te explicar tudo que você precisa saber quando estivermos no táxi, certo? – ele assentiu com a cabeça, sério.
Fiz sinal para o táxi, que veio em nossa direção diminuindo a velocidade. Graças a Deus.
- Hay? Isso é o táxi?
- Sim, Ravi – respondi, finalmente me permitindo encara-lo, respirando fundo logo em seguida.
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Scaban [Completo]
Fantasy[História concluída] [Não revisada] Se minha vida é miserável? Bom, tire suas próprias conclusões, mas eu me defendo dizendo que não tive escolha (por mais que eu tenha tido). Todo mundo sabe que uma grande realização sempre vem com um preço maior...