Epílogo.

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Quatro anos depois.

- Você pode ajudar a tia aqui, Belinha? – perguntei, tentando de toda forma fechar o zíper do meu vestido, que infelizmente, ficava nas minhas costas. Por que ainda fabricavam isso? Eu havia mostrado pra eles que existia algo chamado zíper lateral, por que não me escutavam?

O quarto estava uma bagunça completa, a barulheira de gente derrubando sapatos, espirrando desodorantes e por fim, tentando vestir seus melhores vestidos, era irritante, e já estava começando a me dar nos nervos. Havia mais gente que o quarto comportava! Deus!, onde estava Fi quando eu precisava dela? Estava morrendo de calor, me abanei. Onde estava Bela?

- Bela? – gritei mais uma vez, sem paciência, recebendo o barulho de passos apressados como resposta.

- Sim, tia? – perguntou, ofegante, aparecendo no espelho bem atras de mim segundos depois. Agradeci mentalmente por sua rapidez, segurando meu cabelo no topo e respirando fundo.

- Oi, meu amor – sorri pra ela, aliviada ao ver que alguém havia me escutado. – Você pode me ajudar com esse zíper... por favor...

- Bela! Vitoria quer que você vá fazer uma maquiagem – a voz de Amélia surgiu do nada e logo foi suficiente para desprender a atenção da menina, que bufou.

- Eu não quero passar maquiagem – cruzou os braços, irritada. – É irritante e demora demais...

- Você tem tempo. Ande! Tem que estar linda, é a daminha!

-Não, não! – reclamei, frustrada. – Eu preciso da ajuda dela...

- Viu? Tia Hayley precisa da minha ajuda – Bela me usou como desculpa, cruzando os braços. Amélia não aceitou, claro.

- Boa tentativa! Mas pode deixar que eu a ajudo, vá, Bela!

A menina resmungou alguma coisa, batendo os pés até que finalmente caminhou pra longe. Respirei fundo. Aquilo estava um horror. Precisava me sentar...

- O que você precisa, querida? – Amélia perguntou, caminhando em minha direção, visivelmente calma. Como ela conseguia? Eu estava surtando! E nem era eu que ia casar dessa vez!

Respirei fundo, tentando me acalmar, apontando para o zíper aberto nas minhas costas.

- Preciso de ajuda para fechar o zíper – expliquei, tentando soar paciente.

- Será que vai fechar? – Amélia brincou, o que me fez encara-la seria.

- Nem brinque com isso. Foi feito semana passada...

Ela riu, caminhando finalmente em direção às minhas costas e finalmente começando a fechar o vestido. Prendi minha respiração, ouvindo o barulhinho do zíper se fechando.

- Encolha a barriga – ordenou, depois de parecer empacar em um certo ponto. – Quer dizer...

- Sério, Vó? – indaguei, sem conseguir segurar um sorriso. Ela também não.

- Desculpe, querida, por um momento eu me esqueci...

- Agradeça por ter esse luxo – resmunguei, encarando-a fazer uma careta ao tentar puxar o zíper pra cima mais uma vez, pelo reflexo do espelho. – Acho que sou fraca demais para carregar uma barriga dessas. Minhas costas estão me matando e... não está fechando, Amélia? – indaguei, mordendo meus lábios, preocupada.

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