Capítulo 14 - Um A qualquer.

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- Estamos no coração de Finex, sim Hayley, obviamente vai demorar para chegarmos na fronteira.

- Eu não conheço a geografia de Scaban, Ravi, me perdoe por ser tão estúpida. - respondi, sendo o mais irônica possível.

- Eu não disse que você é estúpida, Hay, só que...

- Só que você é sempre grosso! - aumentei meu tom de voz, o interrompendo. - Depois diz que quer que a gente pare de discutir.

- Eu não quis ser grosso, Hay. - ele estava controlado, aparentemente sem paciência de discutir pela terceira vez, em uma hora, comigo.

- Não quis né? Você é um anjo de...

- Hayley e Ravi, pelo amor de Deus, calem a boca! - Drago me interrompeu, em um grito rápido. - Estou quase jogando um dos dois penhasco abaixo. - disse por fim, o que fez Bela rir baixinho, tampando a mão com a boca.

Encarei Ravi rapidamente e respirei fundo logo depois.

Ravi sorria de canto, o que me fez bufar.

Estava cansada de brigar com Ravi. Só parecíamos saber fazer isso agora.

- Hayley, fala pro seu amigo que ele pode tentar me jogar do penhasco a vontade. Não sou peso pena que nem ele. - Ravi disse, esbarrando levemente em mim, com um sorriso no rosto. Bipolar, a gente estava brigando! Não desvie o assunto! Pensei em gritar isso, mas desisti.

- Hayley, responde pro seu namorado que não sou seu amigo. - fez uma pausa e sorriu. - Sou seu amante proibido. - Drago disse, em meio a gargalhadas e eu abri um leve sorriso.

- Como é que é? - Ravi reagiu imediatamente, se fingindo de ofendido. - O que significa isso, Hayley? - perguntou, serio, porém era visível que estava brincando.

O clima estava leve e divertido. Tentei manter a raiva dentro de mim, sufocando-a o máximo possível, mas ela escapou pelo meio dos meus dentes logo depois que deixei escapar um sorriso, droga!

Então agora, vamos entrar na brincadeira.

Dei então de ombros e soltei um baixo "Ops" de brincadeira. Ravi disse alguma ameaça para Drago logo em seguida, que revidou. Pude escutar a risada baixa e meiga de Bela, ao se separar de nós e pular as raízes das árvores bem a nossa frente.

Ignorei a conversa dos dois por um tempo, eles estavam distraídos, discutindo sobre socos e espadas, enquanto Bela contava quantas raízes conseguia pisar antes de desequilibrar. E eu me permiti relaxar um pouco. Parecia que finalmente as coisas estavam começando a se encaixar. Não sei, eu confiava nessas pessoas.

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Estávamos caminhando fazia três horas, e por todo o percurso beiramos um precipício a nossa esquerda e uma floresta densa a direita. O céu ainda estava escuro, e a noite pouco estrelada. Bela dormia no colo de Drago e Ravi encarava profundamente o fundo do penhasco.

Era alto, bem alto.

Me distrai encarando a pequena Bela, que tão jovem, com o sorriso tão frouxo, era carregada cuidadosamente por Drago. Seu braço balançava ao lado de seu corpo, a cada passo que Drago dava, e seus cabelos pretos e lisos se enroscavam no arco que estava preso nas costas de seu amigo. Sua expressão serena me fez sorrir e lembrar subitamente de Rosa, e de suas palavras. "Agora ela é sua responsabilidade". Minha responsabilidade? Eu não tinha como aceitar aquilo. Não tinha como acreditar naquilo. Eu não conseguia nem cuidar de mim.

Ela estava bem com o Drago. Não me meteria nisso.

Voltei de novo a minha atenção à lua brilhante e respirei fundo. Os duendes teriam as respostas, eles realizariam meu pedido. Acharíamos o rubi. Eu teria a minha família de volta e não precisaria mais me preocupar com toda essa história de herdeira, muito menos nessa tal de Amélia.

Scaban [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora