37 - Lamentos de uma cortesã

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ALERTA DE GATILHO

TEMÁTICAS SENSÍVEIS - MATERNIDADE, PROSTITUIÇÃO E SUICÍDIO 


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A expressão de Karin era de tristeza profunda. Sentada olhando para a janela com a criança em seu colo chorando sem parar. Os olhos da mulher pareciam que a vida havia os deixado a muito tempo. A ruiva era um pouco mais jovem que Yuki, mas sua aparência era bem mais velha. Pálida, abatida, com olheiras profundas, muito magra.

Yuki entrou devagar no quarto e era como se não tivesse mais ninguém ali. A criança em seu colo ainda chorava. A cacheada parou diante de Karin e era como se ela nem estivesse ali.

— Karin? — Ela chamou a mulher outra vez. O olhar sem vida se virou para Yuki e o castanho avermelhado parecia um poço sem fundo. — O bebê... está chorando...

Ela virou o olhar para o pequeno ainda sem muita expressão e disse com a voz rouca. — É a cara dele. Do pai dela. Eu estou esperando ele me buscar. Quando ele vir que tenho uma filha dele, ele deve me perdoar.

— Ele quem, Karin?

— Príncipe Sasuke. Olha para ela, é igualzinha a ele.

Yuki notou mesmo a semelhança. Tinha os mesmos traços, o mesmo cabelo, até os olhos eram iguais. E considerando que Karin era concubina de Sasuke, ela era mesmo filha dele.

— Lembra de mim, Karin?

— A favorita do Imperador? Pensei que estivesse morta. Vai ver está mesmo e eu tô vendo coisas. Ou todas estamos mortas na verdade.

Era notório que a sanidade mental da cortesã não estava das melhores. Dizendo frases aleatórias, cantarolando músicas e olhando para a janela sem parar. — A menina, não está com fome? Está chorando. Ou com a fralda suja?

— Não sei não...

— Eu posso... ajudar você? Eu tenho que limpar o seu quarto mesmo. Talvez eu possa te ajudar.

— Me... ajudar?

— Sim. — Yuki se aproximou e ergueu os braços para pegar a bebê. A mulher meio receosa entregou a menina. — Qual o nome dela?

— Sarada.

— Nome bonito. Eu acho. — Yuki notou a criança magra, suja e parecia mesmo com fome. Ela levou a criança, deu um banho nela, procurou roupas no meio da enorme bagunça de Karin que ainda mantinha-se no mesmo lugar. Encontrou a mamadeira, foi até a cozinha e preparou algo para a criança.

Yuki deu a mamadeira para a menina e sentiu uma emoção tomar conta de seu corpo. Era assim a sensação de ser mãe? Ela depois balançou a criança deitada em seu ombro cantarolando música que sua mãe cantava para ela.

— Está segurando ela errado. — A voz de Mei fez Yuki soltar um suspiro cansado.

— Não tem nada melhor para fazer não? — Yuki perguntou sem olhar para a cortesã.

— A casa só abre mais tarde.

— Como você veio parar aqui? — Yuki perguntou encarando a ruiva.

— Você ainda tem a coragem de perguntar? — Mei disse cruzando os braços e franzindo a sobrancelha.

— O quê? Sou obrigada a saber por acaso?

— Sua cínica. Vai dizer que ninguém te contou? Aliás eu podia jurar que você estava morta. Não. Eu desejei isso.

— Ah, que gentil da sua parte.

A Concubina mais amada do Príncipe ItachiOnde histórias criam vida. Descubra agora