Prólogo

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Numa era longínqua, as famílias tradicionais desejavam apenas um bom casamento para suas filhas, na maioria arranjados pelos pais. As jovens, em obediência aos pais jamais questionavam a decisão que era tomada e aceitavam seus destinos, ou seriam desonradas e jogadas em bordéis.

Naquela noite fria de outono, a única filha da família Hitsugaya foi chamada às pressas, tirada de seu sono sem muita delicadeza por uma de suas servas.

— Minha senhora, o seu lhe chama urgentemente.

— O que houve, Maki?

— Ele apenas ordenou que a senhorita fosse até ele imediatamente.

A jovem se levantou de seu futon rapidamente, suas servas a ajudaram a se vestir e em seguida ela abriu a porta de correr de seu quarto de forma delicada.

A enorme propriedade dos Hitsugaya tinha cada vez menos servos, os quimonos de seda fina, foram ficando cada vez menos presente, os jardins estavam mal cuidados e até mesmo as festas e jantares deixaram de acomtecer, algo que fazia os Hitsugaya serem conhecidos por sua hospitalidade.

Ela caminhava apressada esfregando as mãos, sua respiração sai fumaça devido à baixa temperatura daquela noite, o silêncio fazia-se presente e a única coisa que se ouvia eram bater de pés no chão se madeira. A jovem filha abriu a porta de correr, ajoelhou-se e curvou-se diante do pai de forma respeitosa.

— Amado pai, o senhor solicitou minha presença?

— Yuki, arrume suas coisas o mais rápido possível. Pela manhã partirá desta casa.

— Meu pai, fiz algo que o tenha desagradado?

— Não... você é o meu orgulho... — o pai disse embargando a voz com a emoção que sentia. — Mas, mesmo assim terá de partir.

— Então, para onde irei meu pai? Se assim é seu desejo?

— Partirá para o Palácio Imperial minha filha, irá servir ao Príncipe herdeiro.

A jovem Yuki tremia sem parar ainda curvada diante da dos pais. A mãemal olhava para ela e mantinha-se encolhida ao lado do marido. Ela tentava em vão abafar o choro, sentindo a garganta queimar. Quando finalmente criou coragem de encarar os pais viu a expressão de tristeza de ambos e sentiu o aperto no coração.

— Você entendeu, Yuki? — O pai perguntou cabisbaixo. — A partir de amanhã irá para o Palácio Imperial servir ao príncipe herdeiro. Leve apenas os quimonos que ainda prestam. O resto lhe será fornecido lá.

— Meu amado pai, o que o senhor quis dizer com servir? Eu sei muitas tarefas de casa... — Yuki perguntou inocentemente temendo a resposta do pai.

— A sua mãe irá lhe informar tudo que precisa. — O homem entristecido, parecia muito mais velho do que aparentava. Um reflexo das tribulações em que estava passando.

Quando o pai deixou o local, a mãe se aproximou da filha com os olhos rasos de lágrimas. E pediu que a filha ergue-se a cabeça.

— Minha filha...

— O que meu pai quis dizer com servir? Serei sua serviçal?

— Seu pai cometeu erros contra o Imperador. Erros inadmissíveis. Como forma de puni-lo ele lhe deu duas opções: ser decapitado, bem como toda a sua família ou entregar a única filha ao príncipe como concubina.

Quando Yuki ouviu a palavra concubina sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Um título que estava bem longe de ser respeitoso aos olhos da sociedade. Uma mera amante que servia aos desejos carnais de seu dono da forma como ele desejasse, algo que com a esposa muitas vezes não era possível.

— Concubina...?

— Sim, Yuki. Servirá apenas ao príncipe, eu gostaria de lhe ensinar mais, mas não temos tempo. Esteja sempre limpa e perfumada todas as noites, nunca se sabe quando será requisitada por ele, obedeça ao seu senhor, procure sempre o satisfazer. A palavra dele é a lei. Ouviu Yuki?

— Mãe... eu... — As lágrimas brotavam sem parar dos olhos da jovem que não entendia o porque de tal infortúnio.

— Apenas faça. Ou todos nós seremos mortos. Lembre-se que tudo que fizer lá, reflete em nós.

Yuki sentiu o peso daquelas palavras lhe recair sobre os ombros. Uma responsabilidade sem precedentes. A mãe chorava mais do que a filha, ela havia lhe dado tudo que uma nobre poderia ter e até mais e no fim, ela seria apenas uma concubina. Dividindo o marido com várias mulheres e jamais tendo o direito de escolhas.

Quando o sol nasceu naquela manhã de outono parecia mais tímido do que de costume, uma amarelo pálido e preguiçoso beijava as folhas cheias de orvalho. Yuki aguardava do lado de fora segurando as próprias mãos com força na frente se seu corpo, vestindo o único quimono que ainda lhe restava, verde claro com detalhes em folhas. O rosto coberto por uma maquiagem discreta feita às pressas pelas servas que se esforçaram para causar uma boa impressão.

O pai mantinha-se sério e com semblante cansado, a mãe com olheiras fundas e olhos vermelhos. Era a decadência de uma família outrora grandiosa.

A carruagem surgiu no horizonte e ali Yuki teve certeza de seu destino. Ela se despediu dos pais tentando segurar o choro na frente deles, não queria que sofressem mais. A carruagem parou, um dos servos abriu a porta para a jovem que entrou levando apenas uma pequena sacola de pano com suas coisas, sentou-se e quando a porta se fechou ela desabou em lágrimas.

A Concubina mais amada do Príncipe ItachiOnde histórias criam vida. Descubra agora