34 - Prelúdio de Guerra

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A sensação de saber que alguém possui algo que você nunca vai poder ter pode ser descrito como inveja, cobiça. Mas quando se trata de uma mulher que sonha em ser mãe, de gerar um filho e esse seu desejo, seu sonho é retirado, deveria ter outro nome. Porque é injusto olhar nos olhos dela e perceber que a luz a deixa toda vez que ela ouve alguém dizer que vai ter algo que ela sabe que nunca vai ter.

Yuki ficou parada em frente à porta, olhando para Itachi que sentia a culpa tomar conta de seu corpo. Depois seu olhar desviou para Konan que se levantou e se ajoelhou diante dela chorando copiosamente. Também não era culpa dela, não era culpa de ninguém. Era a vida, a consequência de terem ficado juntos. Não havia nada de errado nisso. Só nos sentimentos dela.

— Yuki, eu nunca quis que nada disso acontecesse, acredite em mim. Me perdoe!

— Konan... — A voz de mulher saiu apertada na garganta como se as palavras estivessem presas. — Não tem que se desculpar. Um filho é uma benção e... eu tô muito feliz por vocês.

— Eu ia embora. Ficaria fora do caminho...

— O imperador é o pai dele. Não é justo com ele. Além do mais, eu sou uma guerreira. Meu lugar é no acampamento. — Ela se afastou tentando conter as lágrimas, mas naquele momento a sua força havia ido embora o choro sentido em meio ao soluço, a voz embargada. — Tá tudo bem. Espero que sejam felizes.

— Yuki... — Itachi tentou chamar a amada em meio ao choque daquela notícia, mas ela já havia deixado o local apressada. O olhar do Imperador se voltou para Konan que se aproximou da mulher e lhe estendeu a mão. — Levante-se.

— Não fiz por querer, eu jamais faria isso.

— Eu sei disso. — Itachi enxugou as lágrimas da mulher e lhe deu um abraço apertado. — Eu estou muito feliz. Uma notícia abençoada e maravilhosa em nosso Palácio.

Konan retribuiu o abraço e sentiu o pesar nas palavras do Imperador. Ela não era tola de achar que ele estava feliz que ela fosse a mãe. O filho era muito bem vindo e abençoado, ele só queria que fosse com Yuki.

— Se quiser que eu deixe o Palácio, irei hoje mesmo. Eu só... não quero abrir mão do meu filho. É só o que eu te peço.

— Jamais faria isso, independente do acontecer depois, você vai ficar aqui e criar nosso filho.

(...)

Não muito longe dali Yuki estava diante do pessegueiro que ficava próximo aos Pavilhões tentando conter o choro, o ar parecia que não entrava em seus pulmões e tudo que ela queria naquele momento era desaparecer. Ela dobrou os joelhos no chão e lutou para respirar. O coração batia tão acelerado que parecia que ia sair pela boca. Em meio àquele mix de sentimentos, ela sentiu alguém tocar seu ombro.

— Você está bem? — A voz de Jiraya trouxe a jovem de volta a si. — Calma, respira devagar... isso. Se acalme... isso. Respira fundo pelo nariz e solta pela boca.

Yuki seguiu as instruções do homem e sentiu a respiração voltar ao normal gradativamente. Ela olhou para o homem, limpando as lágrimas. — Obrigada.

— Não tem que agradecer. Há algo em que possa te ajudar?

— Eu só quero ficar aqui mais um pouco.

— Claro. Fique o tempo que precisar.

— Como a gente faz para tirar um sentimento do peito? Amar alguém com tanta intensidade e saber que jamais poderão ficar juntos?

Jiraya lembrou-se de Tsunade. Dos olhos brilhando enquanto ele lhe contava histórias, da pele macia e quente dela. Do quanto o sorriso dela era contagiante. Ele virou-se para Yuki, sentada no chão desesperada. Pela expressão dela, ele sabia que tinha algo a ver com o Imperador. Yuki, a contadora de histórias, era um nome dito muitas vezes dentro daquele Palácio. E pelos boatos que os eunucos esparramam, Konan estaria esperando um herdeiro. E dada as circunstâncias da moça, informação dada a Jiraya pelo próprio Imperador, não era difícil imaginar a situação. O brilho dos olhos dela haviam se apagado como os de Tsunade. Opacos como uma árvore que não podia dar mais frutos.

A Concubina mais amada do Príncipe ItachiOnde histórias criam vida. Descubra agora