005. CONVIDA.

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𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀

Dormi mal pra caramba. A noite de ontem com a Bruna não foi nada agradável. A gente foi pra Santos rapidinho só porque ela queria passar um tempo na praia. A tarde foi até gostosinha: comemos no restaurante do hotel, andamos pela areia, mas a noite... foi terrível. Bruna é meio fresca com essas coisas de dormir fora de casa.

Ela reclamou do colchão, do travesseiro, da temperatura do quarto, e eu fiquei revirando na cama, tentando encontrar uma posição confortável. Cada vez que eu fechava os olhos, sentia ela se mexendo ao meu lado, suspirando de frustração.

– Não acredito que você não está nem um pouco incomodado com esse colchão, Raphael. — ela sussurrou em algum momento da madrugada, a irritação evidente na voz.

– Estou, Bruna. Mas tentar dormir me faz ficar q-u-i-e-t-o. — respondi, tentando manter a paciência.

Mas a verdade é que minha mente estava a quilômetros dali, relembrando os eventos dos últimos dias e, inevitavelmente, pensando em Anita. As fotos, os momentos de tensão e provocação... Tudo isso parecia tão distante da realidade que eu estava vivendo com Bruna.

Quando o sol finalmente começou a surgir no horizonte, senti um alívio misturado com exaustão. Me levantei devagar para não acordar Bruna, que finalmente tinha pegado no sono. Vesti uma camiseta e vim dirigindo de volta pro centro de treinamento.

– Oloco, não sabia que já tava liberado contratar zumbi pra jogar. — Endrick me zoa, passando o braço pelo meu pescoço. – Tá mal em príncipe, a noite foi boa...

– Nossa, foi ótima. — respondo irônico.

– Brigaram de novo? — Zé Rafael, que sabe da minha crise na relação com Bruna, pergunta.

– Não... Quer dizer, não diretamente. — vou andando até a mesa de café e coloco algumas frutas e tapioca na bandeja. – Bruna tá insuportável, não sei o que tá acontecendo.

– Ela tá insuportável ou foi sempre assim e você só tá percebendo agora por estar de saco cheio? — Richard solta do meu lado, também colocando comida na bandeja.

– Será? Acho que não! — franzo o cenho. – Ela tá muito reclamona, sabe!?

– É TPM. — Endrick responde.

– Que TPM é essa que dura um ano?

Eles dão risada enquanto me ajeito na mesa. Tento ignorar o cansaço e a frustração, mas é difícil. Cada comentário deles só reforça a sensação de que algo está errado, e que talvez, apenas talvez, eu esteja começando a ver Bruna com outros olhos.

Sentado à mesa, olho para os meus colegas e percebo o quanto eles parecem ser leves e com a vida calma. Sinto uma pontada de inveja, desejando que minha vida pessoal pudesse ser assim também.

– Sabe, às vezes acho que tô segurando uma barra sozinho. — desabafo, pegando uma fatia de melancia.

– Talvez você esteja mesmo. — Richard diz, me olhando com seriedade.

– Você pensa em terminar? — Zé pergunta.

– Terminar??? — nego com a cabeça. – Não! Tá maluco.

Eles se entreolham e voltam a atenção para mim.

– Conhecer outra pessoa, recomeçar tudo, apresentar pros pais, ter uma vida sexual boa, saber conversar... Deus me livre. — até me arrepio só de pensar em passar por todo o processo de novo.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora