031. CONVITE.

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𝐀𝐍𝐈𝐓𝐀 𝐂𝐀𝐌𝐏𝐎𝐒

Duas semanas depois...

Vim trabalhar essa semana já ansiosa pra que ela acabasse. Sexta é meu último dia aqui no CT, a campanha da blusa não foi tão boa quanto esperavam, mas isso não tem nada haver comigo, e sim pelo fato do Palmeiras ter sido eliminado de quase tudo de forma precoce.

Hoje, em específico, tá sendo um dia péssimo pra trabalhar. Assistir Bruna e Raphael andando pelos corredores com uma caixa cheias de convite de casamento na mão, não é uma cena muito boa.

Evito ao máximo sair da minha sala, mas pro meu azar, saio bem na hora que eles estão entregando um dos convites pra uma mulher que também trabalha com marketing.

Meus olhos descem pelo convite de cores pastéis sendo entregue, o nome deles em destaque atrás do papel quase branco. Parece ser bonito, tem texturas, e, os poucos desenhos que consigo ver daqui são tão... puros.

A cara dela.

Meu olhar treme, vacila, e é inevitável não encarar Raphael. Pra zero surpresa minha, ele já estava olhando. O convite na mão dele parece que pesa toneladas, mas não tanto quanto o peso que sinto no peito ao ver a cena.

Por um segundo, nossos olhos se cruzam, e por mais que eu quisesse, não consigo manter contato. Pela primeira vez, sou eu quem desvia. Eu que sempre fui firme, quem nunca vacilava, agora estou assim, quebrada.

Abaixo a cabeça e continuo andando, passando por eles sem dizer uma palavra, sem um oi, sem um olhar. Sinto a presença dele me queimando enquanto passo, mas não tenho coragem de encarar de novo. Minha garganta está seca, as palavras presas, e o silêncio entre nós é ensurdecedor.

Bruna, claro, sorri, completamente alheia ao caos que eu e ele compartilhamos. Ela ajeita o convite na mão da mulher, feliz, radiante, como se o mundo inteiro estivesse em harmonia.

Eu me sinto sufocada, como se esse corredor fosse se fechando a cada passo que dou, me prendendo entre a realidade do que ele escolheu e a dor de saber que, no fim, fui deixada para trás.

Chego até o corredor que dá acesso ao campinho, vejo todos eles com um convite na mão e aparentemente um pouco incrédulos com a decisão tão repentina.

– Estranho né!? Ele não disse que queria ir mais devagar dessa vez. — Murilo diz, enquanto lê o convite.

– Que nível que a pessoa chega pra tentar se enganar. — Richard fala rindo, aparentemente, se identificando com a confusão.

– Fico feliz por eles, finalmente vão se resolver de vez. — Maurício parece único genuinamente feliz.

– Preciso conversar com ele. — Zé fala, me jogando um olhar de lado enquanto eu finjo não perceber. – Isso tá estranho.

– O que? Acha que ela tá obrigando ele casar? — Rony também se envolve no assunto. – Um homem daquele tamanho? Não é possível.

– Não é isso... — Zé responde, distante. – E fica na sua também rústico, eu hein!

Fico parada no canto, ouvindo a conversa sem realmente participar. Cada palavra parece uma facada, uma lembrança de que estou fora do lugar, perdida em um espaço onde ele está indo em uma direção que me exclui completamente.

Zé me olha de canto, como se soubesse exatamente o que está se passando pela minha cabeça, mas eu finjo que não percebo. A última coisa que preciso agora é ser o centro de mais questionamentos.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora