017. COINCIDÊNCIA.

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𝐀𝐍𝐈𝐓𝐀 𝐂𝐀𝐌𝐏𝐎𝐒

– Eu nunca fiz isso, nunca precisei... — minha voz soa desesperada quando falo com Luísa. – O homem sempre me domina... Na cama ao menos, na relação eu deixo ele achar que têm o controle.

– Você não achou no mínimo estranho ele ter vindo com esse papo do nada? — pergunta, com uma sombrancelha em pé.

– Óbvio que achei. — bufo. – Mas, caralho, o jeito que ele falou... Parecia muito real pra mim, como se já estivesse imaginando a situação acontecendo.

Luísa me olha com atenção, como se estivesse tentando entender o que se passa na minha cabeça.

– E como você se sentiu com isso?

Suspiro, me afundando mais no sofá. É difícil colocar em palavras o turbilhão de emoções que senti no momento em que Raphael falou aquilo.

– Foi... confuso. — começo, tentando encontrar as palavras certas. – Por um lado, eu me senti lisonjeada, sabe? Ele confia em mim o suficiente pra querer algo assim. Mas, por outro lado, também me senti... intimidada.

– Intimidada? — pergunta, as sombrancelhas arqueadas.

– Sim, porque ele sempre foi o dominante, sempre soube exatamente o que queria e como fazer acontecer. A ideia de eu estar no controle, de eu ser a responsável por proporcionar prazer pra ele dessa forma, é... nova. Assustadora até.

Luísa faz um som de compreensão e cruza os braços, me observando.

– Mas isso não te excita, nem um pouco?

– Ai que tá o problema, me excita. Bastante até. — admito, sentindo meu rosto esquentar. – É que eu nunca precisei pensar em ser a dominante. Sempre gostei de ser aquela que é "cuidada", que recebe... Mas agora, saber que ele quer que eu o controle... Isso muda tudo. Fico pensando se vou conseguir fazer isso, se vou conseguir dar a ele o que ele espera.

– Ou talvez ele só queira ver um lado diferente de você, algo que nem você sabe que está aí. — aponta o indicador pra mim. – Porque, sinceramente, dando minha humilde opinião agora...

– Lá vem... — cubro os ouvidos com os travesseiros do sofá.

– Ele me parece completamente apaixonado por você. — a frase saí abafada, mas consigo ouvir mesmo assim, infelizmente. – Mas como, aparentemente, ele vê que você só quer sexo, ele quer te prender nisso. No seu ponto fraco.

– E o sexo é meu ponto fraco por acaso? — estreito os olhos.

– Pra ele é. Porque é só isso que você entrega pro varão... Buceta e cu. — o tom de brava que ela fala me faz soltar uma gargalhada.

– Eu nunca fiz sexo anal com ele. — respondo entre risadas. – Mas eu entendi oque você quis dizer.

Eu entendo o que Luísa está dizendo, mas minha visão sobre a situação é outra. Não acho que Raphael esteja tentando me "prender" pelo sexo. Pra mim, o que ele realmente quer é que Bruna descubra sobre nós. Ele quer que ela termine com ele porque não é homem o suficiente pra fazer isso sozinho.

Raphael sabe que se alguém perguntar por que eles terminaram, ele vai poder simplesmente dizer: "Ela que terminou comigo." Ele sabe que ninguém no mundo vai querer admitir que foi traído, e isso o pouparia de assumir a responsabilidade pelo que está fazendo. É mais fácil deixar que ela seja a vilã da história. No fundo, ele quer sair dessa relação, mas sem carregar a culpa.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora