025. O PRIMEIRO.

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𝐀𝐍𝐈𝐓𝐀 𝐂𝐀𝐌𝐏𝐎𝐒

Chega a ser quase engraçado o Veiga sentir ciúmes do Matheus. Se ele soubesse de tudo... Talvez até tivesse razão em se preocupar. Porque o Matheus realmente é um pedaço de mal caminho.

Mas o que Veiga não entende é que Matheus foi o primeiro homem que me fez acordar pra vida, o primeiro que me sacudiu de verdade, não só pela atração física, mas pelo jeito como ele me enxergava. E só de pensar na possibilidade de tê-lo por perto de novo em um momento que me sinto tão vulnerável, meu coração acelera um pouco mais e um suspiro de alívio saí pelos meus lábios.

A verdade é que, com Matheus, tudo foi diferente. Ele foi o único cara que me incentivou a viver uma vida mais livre, mais minha. Ele me mostrava, de um jeito leve e quase irreverente, que eu não precisava seguir as regras de ninguém. Sempre me dizia aquele ditado: “Se eles podem, elas também podem.” E isso ficou marcado em mim.

Ele me empoderou de uma forma que nenhum outro homem fez. Não que eu tenha dado grande importância aos outros, porque nunca foi esse o objetivo. Mas Matheus... Ele me fez ver que eu também podia jogar o jogo, só que no meu ritmo, com minhas próprias regras.

Agora, pensar em revê-lo, em estar de novo no mesmo ambiente que ele, traz uma mistura de animação e um pequeno nervosismo. Afinal, ele foi o cara que me abriu os olhos, o único a me fazer "tremer". E talvez, só talvez, isso seja algo que Raphael nunca vai entender.

Afinal, ele sempre se achou no controle.

– Ele tá aqui desde que dia? — pergunto pra Luísa aproveitando que Raphael já foi embora.

– Chegou tem uns dois dias, tá ficando hospedado naquele hotel perto da minha casa.

– E por que você não leva ele pra sua casa? — arqueio as sobrancelhas, meio sem paciência.

– Eu não moro sozinha, Anita. — Luísa solta uma risadinha provocativa. – Tá com medinho do Matheus é?

– Medo não, mas você sabe muito bem o que aconteceu pra gente se afastar.

Ela sabe, claro que sabe, mas isso não torna mais fácil de explicar. Enquanto Luísa mexe distraidamente na xícara, minha mente começa a vagar, e eu acabo revisitando aquele ponto da minha vida que eu tento ignorar.

O problema nunca foi Matheus. Ele era... incrível. Divertido, inteligente, me fazia sentir como se o mundo fosse muito maior do que eu conseguia enxergar. O problema começou quando ele passou a gostar de mim de verdade. Aí, tudo desandou.

Eu nunca soube lidar com isso. Sempre fugi. Quando Matheus começou a se abrir, a demonstrar sentimentos que iam além do casual, eu entrei em pânico. Não porque ele não era alguém incrível, mas porque eu nunca senti nada parecido.

Eu me sinto uma pessoa horrível por nunca ter me apaixonado por ninguém. É como se algo estivesse faltando em mim, como se eu estivesse quebrada de alguma forma. Como se tivesse uma barreira que me impede de sentir o que parece ser tão natural para todo mundo. E quando alguém se aproxima demais, quando o "nós" começa a se formar... eu destruo tudo. Eu corro.

É um ciclo. Um ciclo que eu odeio, mas que parece inevitável.

Provavelmente, o dia que eu sentir isso de verdade, o dia que eu finalmente me apaixonar, vai ser em um momento errado. Num contexto em que não deveria, talvez com a pessoa errada. E eu vou perceber tarde demais.

Matheus se afastou porque eu não soube lidar com o que ele sentia. E agora ele está de volta, querendo só uma... amizade... eu não sei. Mas o que mais me assusta é o fato de que talvez eu nunca vá conseguir corresponder a isso.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora