018. GOSTO METÁLICO.

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𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀

Não consigo me acostumar com o fato da Anita ficar perambulando pelo ct do Palmeiras. Ela chama muita atenção, mesmo usando uma roupa simples, social.

O jeito que os caras daqui babam nela me irrita, mesmo que eu não tenha nenhuma moral pra isso. E quando eu cito "caras" vale pros casados também, o único que parece meio avoado hoje é o Richard.

– O que você tem, mano? — decido pergunta, trombando nossos ombros, mas não tirando os olhos de Anita do outro lado, bem atenta ao celular.

– Nada. — responde, seco.

– Esse nada só serviu pra mostrar que tem tudo. — Zé diz, intercalando o olhar em mim e nele. – Você também não parece bem, Raphael.

– Mas eu não tô bem mesmo, a presença de certas pessoas me deixa tenso. — jogo um olhar pra maldita loira que não para de digitar na merda do celular, não sei quem possa ser tão interessante pra prender a atenção dela assim.

– Entendi, tá com ciúmes. — Zé continua, simples e debochado. A convivência com Lupita não tá lhe fazendo bem. – 'Cê tá assim por causa da Ayla?

Joga a pergunta pro Richard, que levanta a cabeça lentamente, os olhos escurecem e a postura fica tensa. Ele odiou o Zé ter tocado nesse assunto.

– Que merda de pergunta é essa? Por que eu estaria puto com a única pessoa que eu queria ter por perto? — o colombiano retruca, a voz arrastada de raiva.

– Te falta interpretação meu amigo... — Zé Rafael ri pelo nariz. – Eu disse POR CAUSA dela e não COM RAIVA dela. — sinaliza com o indicador pra têmpora.

– Tanto faz... — Richard desvia o olhar, claramente incomodado, e volta a se perder nos próprios pensamentos.

O silêncio que segue é pesado, cheio de tensões não ditas. Zé e eu trocamos um olhar rápido, como se estivéssemos tentando decifrar o que realmente está se passando na cabeça dele. Mas é difícil quando, no fundo, cada um de nós está lidando com suas próprias merdas.

Eu, com o ciúmes irracional que Anita me faz sentir, mesmo sabendo que não tenho direito de reclamar; Zé, com sua incapacidade de conseguir dizer não a uma adolescente de 19 anos que claramente quer transar com ele; e Richard, preso em algo que ele não quer compartilhar, mas que todos nós já sabemos e fingimos de bobo.

Anita, do outro lado da sala, continua digitando, alheia ao tumulto silencioso que sua presença causa em mim.

– É foda, né? — murmuro, mais para mim mesmo do que para eles, enquanto meus olhos seguem fixos nela.

Zé dá uma risada baixa, como se entendesse mais do que deixa transparecer, e Richard apenas resmunga algo inaudível antes de se afastar. Aproveito a deixa e me levanto também, seguindo Richard por alguns passos antes de mudar de direção e ir em direção a Anita. Tento parecer casual, mas a tensão em meus ombros denuncia minhas intenções.

O fato de ela não ter notado que eu estava a observando o tempo todo só aumenta a irritação que arde em meu peito. Como ela pode ser tão distraída ou... tão indiferente?Chego mais perto, fingindo estar interessado em outra coisa, mas meus olhos não se desviam dela. Anita continua absorta no celular, os dedos ágeis digitando com precisão.

O que pode ser tão interessante assim para merecer toda a atenção dela? A irritação se transforma em uma faísca de provocação que não consigo ignorar. Em um movimento rápido e intencional, tomo o telefone da mão dela.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora