027. EU ESCOLHO...

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𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀

Chego no condomínio dela já surpreso com a facilidade que entrei. Acho que nem o porteiro aguenta mais me ver aqui sempre com uma desculpa diferente, tentando parecer inocente.

Em todos esses meses tentando manter segredo, a real é que eu nunca consegui esconder nada. Porque as coisas foram crescendo, os sentimentos, a vontade de tê-la só pra mim.

Passo pelo portão e já sinto algo diferente. A moto dela tá parada fora da garagem. Isso significa que ou ela acabou de chegar ou tá de saída. Não costuma deixar a moto ali por muito tempo. Estranho, mas não penso muito nisso.

Minhas mãos estão suadas, minha mente rodando em mil pensamentos de como vou falar com ela. De que eu quero que isso pare. Quero fazer diferente. Mas... eu preciso ter certeza de que ela vai aceitar ser só minha antes de tomar essa decisão.

Caminho pelos corredores, o som dos meus passos ecoa nas paredes, mas minha cabeça tá a mil. Como eu começo a conversa? Como vou dizer que vou terminar com a Bruna? Será que ela vai entender? Vai querer ficar só comigo? Ou será que... não, nem vou pensar nessa possibilidade. Só preciso ouvir de Anita que ela vai ser minha, de verdade. Que tá disposta a fazer isso funcionar.

Chego na porta do apartamento dela e começo a bater. Uma, duas, três vezes. Nada. Nenhuma resposta.

– Anita! — chamo, batendo mais forte. O som ecoa pelo corredor. Tento respirar fundo, mas a ansiedade começa a bater. Estranho ela não atender... Tá em casa, né?

Bato mais algumas vezes, mas o silêncio é a única resposta. Decido testar a maçaneta. Tá destrancada.

Empurro a porta devagar e entro no apartamento.

– Anita? — chamo mais uma vez, mas minha voz trava na garganta no momento em que vejo a cena diante de mim.

Ela tá ali, quase colada em outro cara. Quase beijando ele. As bocas tão tão próximas que parece uma questão de segundos até se tocarem.

– QUE PORRA É ESSA? — minha voz explode pelo apartamento.

Anita se afasta no susto, os olhos arregalados, mas o cara... o cara não. Ele não se mexe. Continua com a mão envolvida na nuca dela, como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse acabado de entrar.

Minha visão escurece. Meu corpo se move antes que eu consiga pensar. Sinto o sangue fervendo nas veias, e entro no apartamento, a fúria tomando conta de mim enquanto me aproximo deles.

Minha mão agarra o braço da Anita com força e a puxo pra longe do cara, sem nem pensar no que estou fazendo. Ele, por outro lado, continua ali, imóvel, sem a mínima pressa de reagir. Como se eu não fosse nada.

– Que porra você acha que tá fazendo? — rosno, quase sem conseguir controlar a fúria, enquanto empurro Anita para trás de mim. O coração dela bate tão rápido que eu consigo sentir pelo pulso. Ela tenta falar algo, mas eu nem ouço. Toda minha atenção tá no desgraçado à minha frente.

Ele levanta as mãos, com uma calma irritante, os olhos sem um pingo de medo ou culpa.

– Não precisa disso, mano. Vai machucar ela. — ele fala, e o tom dele me enfurece ainda mais.

– Machucar? — dou um passo à frente, cada músculo do meu corpo tenso, prestes a explodir. – Eu vou é machucar você, seu filho da puta!

Mas antes que eu consiga avançar, ele sorri de lado, com uma maldita confiança que só faz a raiva aumentar.

𝐀𝐃𝐔𝐋𝐓É𝐑𝐈𝐎. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora