Capítulo 24 - Brincando de detetive

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Suspirando, Jesse Barbosa deu passos corajosos para dentro da casa de repouso, os ventos gelados lá de fora uivavam incansavelmente, mas isso não iria impedi-lo de obter algumas respostas.

Suas buscas pela verdade por trás do monstro da floresta ou por seu companheiro estavam sendo infrutíferas demais, pois não havia nada de útil na internet, apenas especulações sem sentido: "ele só aparece de noite", "ele pode voar", "ele se regenera mesmo que sua cabeça seja cortada", "ele é imortal, não tem como matá-lo" etc. E, dentre todas as coisas absurdas que viu, a que mais o incomodava era a última.

— Então o Ren é imortal? — sussurrou, antes de se aproximar da balconista — Não existem seres imortais.

— Olá, posso ajudá-lo? — perguntou a mulher com um sorriso amigável.

— Boa tarde, eu sou Jesse Barbosa, vim ver o senhor Amorim — fazendo um pigarro, o ruivo disse, também com um sorriso reservado no rosto.

— Você é algum parente do senhor Nelson?

— Sou amigo do neto dele, vim apenas para fazer uma visita.

— Entendo, neste caso, preciso que aguarde aqui por um momento enquanto pergunto para ele se pode ir.

— Compreendo.

Sendo assim, a mulher deixou Jesse sozinho enquanto ia buscar uma enfermeira. Seu plano era apenas um: interrogar diretamente um dos adultos que tinham vínculo com Ren Amorim.

O Barbosa esperava conseguir pequenas pistas, coisas como mudanças de comportamento, ações anormais etc. Algo que pudesse conectá-lo com a lenda do monstro da floresta além da simples especulação que ele e seus amigos vinham tendo.

A criatura que Jesse viu no despenhadeiro naquele dia com toda a certeza era um monstro, porém por que Ren parecia tão normal quando se encontraram de novo na faculdade? Não fazia o menor sentido.

— Ren... — sussurrou, olhando para suas mãos — O que você se tornou?

Caso se concentrasse um pouco, Jesse ainda podia sentir a pele macia do albino a qual experimentou durante aquele "sonho". Quando acordou naquela manhã, deparou-se com a marca de mordida em seu pescoço e quase teve um ataque cardíaco ao pensar que o Amorim realmente poderia tê-lo matado naquele momento.

Ainda assim, quem poderia imaginar que ele faria sexo com o albino dentre todas as pessoas no mundo? Ou tudo isso era parte do plano de vingança de Ren? Encantar Jesse para depois matá-lo... Bem, havia surtido efeito, de fato, o ruivo estava encantado, queria poder provar daquele corpo mais uma vez, pois aquela rápida troca de calor fora insuficiente para satisfazê-lo.

— Senhor Barbosa.

A atendente retornou acompanhada de uma enfermeira e esta logo lhe pediu para segui-la, dizendo que o levaria até o senhor Nelson Amorim.

Particularmente, Jesse se sentia um pouco incomodado com aquela situação, temeroso de que Ren pudera ter contado algo sobre o bullying para seu avô, porém logo se recordou de todas as inúmeras ameaças de Sidney para que o albino mantivesse o bico fechado.

Assim sendo, quando se postou em frente à porta do senhor Amorim, o ruivo respirou profundamente antes de bater, aguardando por alguns segundos antes de ouvir uma voz rouca entoar:

— Pode entrar.

Sem esperar mais, mesmo que seu coração estivesse agitado, o Barbosa obedeceu e abriu a porta, dando de encontro com um velho senhor deitado em uma cama tão branca quanto seus cabelos. Ainda assim, ele parecia mais jovem do que Jesse imaginava e seu olhar afiado lembrava uma faca cortante emoldurada pelos óculos de armação grossa.

Kill BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora