Capítulo 30 - Cariño

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Ela já estava trancada em seu quarto há quatro dias, comia pouquíssimo e só conseguia dormir quando os remédios faziam efeito. Sua família não tinha ideia do que fazer, pois ninguém acreditou quando a jovem alegou estar sendo perseguida pelo monstro da floresta.

Jeneth Gomez estava louca, pelo menos era o que parecia, todavia, sã o suficiente para encarar aquele teste de gravidez barato entre os dedos trêmulos, enquanto começava a soluçar novamente em um pranto copioso.

Quem era o pai? Essa resposta era difícil de responder, porém algo dizia para a latina que era Matheus.

Como contaria isso para ele?

Já faziam horas que ela estava tentando ligar em seu celular, porém sempre caía na caixa postal. Talvez estivesse tão puto que não queria mais saber dela.

Arrastando-se para a cama novamente, ela se embrulhou nos cobertores e acariciou o ventre, lamentando-se por aquela criança, mas também por si mesma, afinal, a latina estava metida em toda aquela merda e não via alternativa de escape.

Ela soube que Lina tentou fugir e foi pega por Ren, então sair da cidade não era uma opção, sendo assim, tudo o que lhe restava era se enfurnar em seu quarto pequeno e cor-de-rosa até a polícia fazer algo quanto àquele monstro.

— Jeneth, cariño, é sua madre, estou preocupada com você, hija mia. — A voz doce de Henrieta soou através da madeira da porta. — Por favor, saia, vamos conversar.

— Me deixe em paz! — gritou a jovem — Se eu sair, o monstro vai me pegar!

Hija, não existe monstro, você está segura...

— Existe sim! Eu vi ele com os meus próprios olhos! Ele está matando meus amigos, por que ninguém acredita em mim?!

Cariño...

— Apenas vá embora! Me deixe sozinha!

Suspirando, Henrieta recuou, não entendia a filha, mas sabia que era inútil tentar forçá-la a fazer algo que não queria — as mulheres da família Gomez eram famosas por serem teimosas. Ela não fazia ideia de que a jovem estava sofrendo não apenas por conta de um suposto monstro, ou um gravidez, e sim também por conta do rompimento de seu namoro.

Em seu íntimo, Jeneth não sentia um pingo de culpa, apenas se amaldiçoava por ter sido pega, do contrário, talvez Matheus estivesse ao seu lado agora, protegendo-a como sempre fez.

Seus outros homens não queriam mais saber dela desde que havia se trancado em seu quarto. Eles só a viam como uma foda casual, não estavam dispostos a dar o braço a torcer pela coitada, preferiam procurar outra mulher jovem e com nada na cabeça para foder.

"O que eu faço agora?", perguntou-se, ainda acariciando o ventre, "Se eu morrer, essa criança vai morrer junto... O Ren não seria tão mau ao ponto de matar um bebê que ainda nem nasceu, certo...?".

Se ela usaria a vida crescendo em sua barriga para se proteger? É claro que sim, afinal, tinha que dar um jeito de permanecer viva!

BZZZ! BZZZ!

Seu celular começou a tocar na escrivaninha e Jeneth afastou os pensamentos incômodos por alguns segundos para olhar na tela e ver quem era, temendo novamente ser um número desconhecido.

Para o seu alívio, era Matheus.

A latina sorriu o sorriso mais aliviado que já havia passado por seu rosto nos últimos anos, correndo para pegar o celular e atender.

Cariño, senti tanta a sua falta!

Lágrimas picaram seus olhos, mas, antes que pudesse se dar ao luxo de chorar mais ainda, a voz que a respondeu lhe causou arrepios:

Kill BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora