Capítulo 32 - Isso é um encontro?

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Jesse Barbosa suspirou longamente antes de empurrar outro bilhete entre as frestas do armário de Ren Amorim. Quantos já foram até agora? Talvez nove, ele não se lembrava direito, tampouco achava que o conteúdo daquelas cartas poderia mudar alguma coisa, porém continuava escrevendo-as.

Eram súplicas de tinta, meras palavras em papel que não poderiam enxugar as lágrimas que o albino chorou em diversos momentos. Mesmo assim, o ruivo continuava persistentemente naquela sina, mas estava minimamente mais confiante agora que encontrara um livro deveras interessante na biblioteca da cidade.

O que era aquele livro? Um conto de fadas que terminava em tragédia, um conto sobre uma bruxa e um caçador; por fim, também era um conto sobre uma terrível maldição.

Ele cruzou os corredores movimentados do complexo de prédios que compunham a faculdade, dirigindo-se até o departamento de informática, porém parou abruptamente quando viu alguns policiais, dando meia volta no mesmo instante.

É claro que a polícia começaria a investigar, mas o que exatamente eles estavam investigando?

— Com licença, meu jovem.

Assustando-se brevemente, Jesse se virou e encarou o policial fardado, no crachá em seu uniforme estava escrito Mauricio. "Lembro dele, ele era parceiro do sargento Serra".

— Você é Jesse Barbosa, certo?

O ruivo gelou por um momento, porém tentou não transparecer seu torpor.

— Sou sim. Posso ajudar em algo?

— Sim, na verdade, estamos fazendo algumas perguntas rápidas para alguns jovens, poderia me ceder um minuto do seu tempo?

— Tudo bem.

Mesmo que estivesse tremendamente nervoso naquele momento, Jesse sabia que fugir da polícia era pedir para levantar ainda mais suspeitas, sendo assim, ele apenas embrulhou o livro entre os braços e tentou respirar fundo.

— Conhece um garoto chamado Ren Amorim?

Essa primeira pergunta foi o suficiente para fazer o Barbosa sentir até mesmo sua alma congelar. Então já estavam conectando o albino àqueles que faziam bullying com ele? Quantas informações a polícia já tinha sobre o grupo de Sidney?

Mas a questão mais importante era: o que responder?

Se mentisse, poderia soar como suspeito, entretanto, se dissesse a verdade, com toda a certeza os policiais pediriam para ele os acompanhar até a delegacia mais próxima, mesmo que Jesse falasse que apenas era parte do grupo que praticava bullying com Ren.

Afinal de contas, a polícia já devia saber que o albino estava por trás dos recentes assassinatos, certo?

— Rapaz, está tudo bem? — perguntou Mauricio, vendo a clara palidez que a tez do jovem adquirira — Você o conhece, não é? Era seu amigo?

— O que aconteceu com ele? — disparou rapidamente antes que o policial pudesse fazer mais perguntas.

— Bem... digamos que estamos procurando por ele, mas não achamos nenhuma pista em sua casa e o único membro de sua família morreu alguns dias atrás, então estamos meio que no escuro. — Ele fez uma pausa para suspirar e coçar a barba por fazer. — Então estamos investigando seus amigos, assim, quem sabe, consigamos chegar até ele.

— Desculpe, mas nós não éramos amigos. — O ruivo tentou forçar uma cara de indiferença. — Eu só o via às vezes caminhando sozinho pela faculdade. Nunca conversamos ou coisa do tipo.

— Nunca, é...? — Novamente, o adulto coçou a barba, as íris amendoadas enquadrando Jesse como se já soubesse de tudo. — Então, acha que tem alguém que saiba algo sobre ele? Pode ser só um detalhe mínimo.

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