Capítulo 35 - O prato principal

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A cama reclamava, rangendo sob o peso daqueles dois corpos nus tão desproporcionais, a luz amarelada da cabana jogando sombras sobre eles. Ren Amorim puxou Sidney Luiz Serra para cima de si, beijando-o enquanto compartilhava os resquícios do sangue que bebera em seu "almoço" com o homem mais velho.

O corpo do albino era tão pequeno se comparado ao do loiro, pequeno e frágil, branco e puro, mesmo assim, isso era só na parte externa, pois, internamente, aquele corpo já estava completamente sujo e destruído. Sid contribuiu para essa destruição, portanto, quando Ren lhe ordenou tomar a responsabilidade por suas ações, ele não hesitou mais.

Sim, o almoço havia revirado seu estômago de diversas formas possíveis; não, ele não perdera o sentimento que tinha pelo monstro que gemia docemente em seu ouvido conforme ele passava as mãos por sua pele fria.

Seus amigos estavam mortos, seu pai estava morto, e agora ele transaria com o assassino em série que matou todos eles.

— Ah, Sidney... — com tom venenoso e provocante, Ren sussurrou ao pé de seu ouvido enquanto abraçava seus ombros fortes: — O quanto você sonhou com este momento?

O Serra afastou-se para olhar bem o homem que o estava provocando, sustentando-se sobre seus braços musculosos naquela cama cheia de cobertores de peles de animais. Os olhos de Ren reluziam como o âmbar, mas cheios de deboche e sarcasmo.

Sidney sabia que aquela não seria a primeira vez que ele iria para cama com um homem, e pensar nisso o deixava puto, porém, mesmo assim, seu coração ainda o desejava ferrenhamente.

— Eu sonhei com o dia em que iria te foder desde o primeiro momento em que te vi, Ren — murmurou, todavia sua voz estava perdida no ambiente, como se fosse apenas um pensamento vago.

— E por isso você decidiu tornar minha vida um inferno?

O tom de deboche escorria entre os dentes do Amorim, deslizando entre seu sorriso mortal.

— Sim — respondeu o loiro com um sorriso seco.

— Pedaço de lixo.

Com esta resposta, Ren puxou Sidney para beijá-lo novamente, seus lábios fervorosamente se friccionando, mesmo que de forma tão feroz e fria, pois não havia reciprocidade naquele amor unilateral do loiro. De fato, o albino apenas estava suportando ter que beijar aquele pedaço de merda, fingindo trocar saliva com ele enquanto planejava as diversas formas de matá-lo.

O Amorim sabia exatamente o que estava fazendo, estava dando ao Serra o gosto daquilo que ele mais ansiara na vida, um gosto para limpar de seu paladar o almoço que tiveram, um gosto que até sua alma iria saborear.

Era a mesma coisa que armar uma armadilha de urso. Ren havia colocado um pedaço suculento de carne no centro e agora estava apenas esperando o grande Sidney apanhá-lo com a boca, acionando o mecanismo mortal para decepar sua cabeça.

E o loiro sabia disso tudo, mesmo assim, deixou-se cair na armadilha, pois já não se importava mais.

Com beijos ásperos de lábios ressecados, ele traçou um caminho da boca do Amorim até seu pescoço fino, as mãos grandes e quentes acariciando a pele macia. Sua trilha de beijos o guiou até o ombro do albino, onde depositou uma mordida solene, sem intenções de marcá-lo, pois sabia que aquele corpo não lhe pertencia.

Ah, apenas pensar que ele não era o primeiro a provar daquela carne branca e pura bastava para enchê-lo de fúria, uma fúria que se moldou em um fechar de dentes ao redor do ombro pequeno e frágil. Isso rendeu um gemido áspero de Ren, suas mãos se enredando nos cabelos loiros bagunçados de Sidney até seus dedos se enterrarem nas raízes, puxando-os bruscamente para afundar ainda mais os dentes em sua pele, como se quisesse ser marcado.

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