Capítulo 28 - Um homem nunca recua

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Com um profundo suspiro, Matheus Takakura começou a descarregar o caminhão cheio de mercadorias. Ele preferia mil vezes pegar coisas pesadas do que ficar atendendo as pessoas na caixa registradora — lidar com clientes chatos não era seu forte — e fazer um trabalho pesado sempre o distraía dos problemas.

Porém hoje estava sendo impossível se distrair.

"Lina morreu..." pensou, seu tique labial se manifestando, "Que puta merda".

Então Ren Amorim era realmente uma ameaça? Aquele Rato de Laboratório se tornara alguém tão perigoso ao ponto de fazer os cabelos da nuca do asiático se arrepiarem apenas com a ideia de estar sendo observado por ele?

"Que seja, eu não vou morrer praquele merdinha", ao concluir esse pensamento, pegou a última caixa pesada de dentro do caminhão e se preparou para sair, entretanto, seus pés congelaram no lugar quando ele viu a figura pálida de Ren surgir na traseira do caminhão.

Matheus imediatamente largou a caixa que segurava e, num ímpeto de fúria, correu para agarrar o albino pelas roupas negras que ele usava, um sorriso labial confortável jazia em seu rosto branco como leite.

— Seu maldito retardado! O que você tá fazendo aqui na minha frente?! Veio levar uma surra?! — disparou, já erguendo um punho para acertar o rosto do Amorim.

— Não posso apenas visitar um velho amigo? — Sorriu mais largamente.

— Para de falar merda! Você matou a Lina! Vou transformar sua cara em carne moída, seu fodido!

— Não deveria me entregar para a polícia? — questionou, ainda com seu sorriso convencido, como se já tivesse ganhado aquela luta.

— Nem, eles só atrapalhariam. Vou te matar eu mesmo e acabar com essa sua historinha de vingança!

— Quero ver você tentar.

O Takakura viu as pupilas dilatadas do albino se retraírem até parecerem com as de um gato, mas isso não o intimidou. Ele preparou um soco para acertar o rosto de Ren, porém uma nova voz interrompeu ambos:

— Matheus, o que pensa que está fazendo?!

"Merda!", o asiático se virou para ver seu chefe vir correndo na direção deles, sua pança de cerveja balançando de um lado para o outro conforme suas pernas gordas faziam esforço para sustentar o peso do corpo.

— Ele é um cliente? Largue-o imediatamente!

O homem gordo se postou entre os dois jovens, arfando pelo esforço feito, ele primeiro viu a caixa de mercadorias caída no chão do caminhão e depois olhou para Ren, que espanava o pó de sua camisa preta.

— Peço mil perdões por esse cabeça quente — disse o chefe com um sorriso de desculpas e em seguida se virou para o Takakura — Vamos, desculpe-se também, Matheus.

— Nem fodendo! Esse retardado nem é um cliente, ele só apareceu pra me provocar, esse merdinha...!

— Matheus! — Novamente, o chefe chamou sua atenção. — Não é assim que se deve tratar as pessoas. Vamos, peça desculpas.

— É melhor ouvir o seu chefe — Ren ronronou, a voz fria, porém um olhar soberano no rosto — Eu poderia te denunciar para a polícia por agressão.

Matheus rangeu os dentes de ódio, seu tique repuxando os lábios finos. Ele estava em um impasse: ou se humilhava para manter seu emprego que tanto lhe custou ou permanecia firme e continuava a manter sua pose na frente do albino.

Isso lhe lembrou todas as vezes em que ele e seu grupo obrigaram Ren a pedir perdão por coisas inúteis, como certa em certa ocasião em que o Takakura deu um chute tão forte na barriga do albino que o fez urinar, ocasionalmente sujando seus sapatos novos. Aquilo o enfureceu de forma tão ferrenha que ele forçou a cabeça do Amorim contra seu mijo e o fez pedir mil perdões.

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