capítulo 7

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ᴀʟʙâɴɪᴀ, ᴠʟᴏʀë , 2017

Domenic soltou uma das minhas mãos mas rapidamente a segurou de novo com uma única mão e as colocando em cima da minha cabeça. Sua outra mão que estava livre, foi até o meu pescoço e o apertou devagar.

- se você me bater de novo...

- vai fazer oque? Me matar?

Ironizei, antes que Domenic terminasse de falar.

Seus grandes olhos negros desceram dos meus olhos até minha boca. Domenic parecia respirar com dificuldade enquanto a encarava. Eu já estava me preparando mentalmente para o que eu tinha certeza que ele iria fazer. E como eu imaginei, Domenic tocou meus lábios com os seus, pedindo passagem para a sua língua. Eu lutei em não liberar, se passando alguns segundos eu abri a boca e acompanhei seu ritmo.

Sem que Dominic percebesse, ele afrouxou suas pernas que precionavam as minhas, levantei meu joelho levemente e na oportunidade perfeita mordi sua língua e dei uma joelhada em suas partes baixas. Domenic gritou de dor e levantou a mão para me dar um tapa, antes que isso acontecesse eu o empurrei com toda a força para fora da cama e saí correndo do quarto.

- você me paga, Lilith!

Berrou.

Saí correndo pelo corredor e passei pela sala aonde ele estava minutos antes, abri a porta principal da casa e saí no jardim. Ouvi passos se aproximando e me escondi em um pequeno espaço que tinha entre a casa e a garagem. Três dos seus homens passaram conversando, quando eles já estavam a uma certa distância, saí do lugar e fui até o grande portão.

Uma arma foi disparada e a bala pegou bem ao meu lado no portão. Olhei para trás e vi que era um homem alto e branco que apontava a arma em minha direção.

- fique parada onde está!

Gritou.

Eu não sabia se ele tinha ordens para me matar então resolvi correr o risco. Abri o portão e quando coloquei o corpo para fora, o cano de um revólver tocou minha testa.

- querida, achei você.

Falou Melani, mostrando um sorriso amarelo. Apertei os lábios e olhei para cima.

- você achou mesmo que seria tão fácil assim?

Perguntou.

- não, eu não achei nada.

- você está acordada menos de 24 horas e já está dando um trabalho danado. Vire-se.

Respirei fundo e dei um sorriso fechado para ela.

- agora, Lilith!

Com o sangue borbulhando de raiva, me virei lentamente. Ouvi Melani guardar a arma e segurar em meus pulsos.

- ande.

Em passos lentos caminhamos pelo jardim até a entrada da casa, onde o homem que havia atirado no portão, estava parado nos olhando. Fuzilei o homem com um olhar de raiva e ele continuou parado aonde estava.

Entramos na casa, passamos pela sala, pela sala de jantar e chegamos na cozinha. Domenic estava encostado no fogão e com um pano na boca. Sorri de satisfação ao vê-lo assim, sangrando e com raiva.

- bom trabalho, Melani.

Falou.

- não foi tão difícil, irmãozinho.

Ele se desencostou do fogão e caminhou até nós, sua mão grande e grossa, passou pelo meu rosto alisando-o, mas logo em seguida senti meu rosto arder e virar para o outro lado. O gosto do sangue invadiu minha boca. 𝑬𝒍𝒆 𝒎𝒆 𝒅𝒆𝒖 𝒖𝒎 𝒕𝒂𝒑𝒂!

- eu te avisei, Lilith, você está muito afrontosa!

Exclamou, Domenic.

Eu estava me sentindo uma incompetente na frente dele, e essa é a única coisa que não quero mostrar a ele.

- Você é um lixo, merece morrer da pior maneira possível, você é um filho da puta!

Gritei em francês, bem no seu rosto.

Ele não demonstrou nenhuma reação, apenas olhou para Melani que estava atrás de mim ainda me segurando e disse:

- leve ela para o quarto, tranque a porta e mande dois dos homens vigia-la. Ela tem muito em que pensar está noite.

- ok!

Melani me puxou para fora da cozinha e me levou até meu quarto.

- você não passa de um cachorro dele. Tudo que ele manda você fazer, você faz sem questionar uma palavra sequer. Ele usa você como se fosse um dos homens dele, e você aceita de mão cheia.

Ela abriu a porta do quarto e me empurrou para cama.

- eu estou tentando ser sua amiga e tornar o lugar mais agradável para você, Lilith. Mas eu estou vendo que você não está nem um pouco afim de cooperar comigo.

- você vive na sombra dele, eu sei que você deve estar contando os dias para ele morrer e você se tornar a chefe da mafia Torricelli. Mas você sabe que isso não vai acontecer tão rápido como você quer.

- eu não sou como você, Lilith. Eu sei como tudo funciona e sei esperar o meu momento. Todos sabem que ele vai chegar, mais cedo ou mais tarde. Eu não desejo a morte de Domenic, e eu não vivo sobre sua sombra, eu só faço o que eu quero. Eu não me sinto mais na obrigação de ter que agradar o meu pai, ao contrário de você que só vivia para isso. Domenic está te dando a oportunidade de viver a sua vida longe do senhor Lightoowd. Todos nós sabemos o que acontece dos portões para dentro da sua casa.

- você não sabe de nada, Melani!

- quantas vezes você desmaiou em um treinamento por fazer tanto esforço ou por levar um susto? Quantas vezes seu pai preferiu mandar você em uma missão, colocando-a entre a vida e a morte ao invés de mandar seu irmão? Você é cardiaca, Lilith, seu pai sabia o risco que você corria em qualquer missão! Me impressiona o fato de você ainda estar viva.

Engoli a saliva que estava em minha boca e senti o gosto metálico descer por minha garganta. Sem ouvir minha resposta, Melani saiu do quarto e bateu a porta, a trancando pelo lado de fora.

- inferno! Eu odeio todos vocês!

Berrei, pegando a jarra de água que estava no criado-mudo e jogando em direção a porta. A jarra se quebrou em vários pedaços. Escorreguei pela cama até sentar no chão, segurei em meus cabelos com força e deixei as lágrimas que eu segurava escorregarem pelo meu rosto. Eu estava cansada, estava me sentindo insuficiente, eu só queria voltar para a minha casa e que isso tudo acabasse. Senti uma pontada no peito, se eu não me acalmar-se desmaiaria em minutos.

[...]

Já um pouco mais calma, me levantei do chão e fui até o banheiro, tranquei a porta e liguei a banheira. Enquanto eu encarava a água que subia dentro da banheira, concordei que tudo que Melani disse era verdade. Dos meus 11 aos 14 anos foram os piores anos da minha vida, descobri que era cardíaca depois de um treinamento de longa duração, depois disso, meu pai começou a me rejeitar. Mas eu queria provar a ele que a minha doença não me faria inferior e que eu conseguiria dar conta dos trabalhos da máfia.

Quantas vezes eu desmaiei tentando provar isso a ele, quantas vezes eu achei que teria um ataque depois de um treinamento superior. Ele sabia que eu não poderia estar fazendo aquilo, mas mesmo assim continuava me fazendo se sentir culpada por ser assim.

Mas ainda sim, depois de tudo que passei, eu não queria ter que viver assim. Não queria ter sido sequestrada e ser obrigada a casar com uma pessoa que não amo. Eu apenas queria correr para o meu pai e ouvir ele dizer que ficaria tudo bem e que me protegeria. Mas porque ele ainda não fez isso?

Desliguei a torneira quando a banheira já estava na metade e tirei minhas roupas, entrei na água gelada e me deitei. Levantei minhas mãos e vi as marcas roxas em meu pulso. O que Domenic fez só me deixou com mais raiva, ele acha que é assim que vai conseguir minha confiança e me conquistar? Ele é um canalha sem tamanho. Eu não vou desistir, eu vou dar um jeito de sair daqui.

APOSTA DA MÁFIA ( Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora