capítulo 15

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ᴀʟʙâɴɪᴀ, ᴠʟᴏʀë , 2017

Mais duas semanas se passaram desde que fui sequestrada. Algumas coisas mudaram depois do dia que minha tentativa de fulga falhou mais uma vez. Eu resolvi aceitar o meu destino traçado por outras pessoas, era a única coisa que eu poderia fazer.

Dei uma chance para eu e Melani ser mais próximas, afinal, ela tinha razão, eu precisaria de uma amiga para suportar tudo isso. Conversamos muito durante o dia, ela me leva para treinar junto com ela. Estamos se dando bem.

Já o meu relacionamento com Domenic, posso dizer que não está bom e nem ruim. Ainda estou me acostumando com a ideia de que vou ter que casar com ele. Domenic está dando meu espaço, as vezes conversamos quando estamos sozinhos em algum cômodo da casa. Mas isso só veio a acontecer 4 dias depois da minha fulga, ele ficou tão puto comigo, que fingia que eu nem estava aqui.

Hoje era o grande dia que eu estava esperando por meses, era o dia do campeonde de tiro, e eu estava louca para ir. Esse evento acontecia anualmente, em todos os países. Achei que não teria aqui, mas Melani comentou sobre e falou o quanto queria ir esse ano, mas não consegueria. O campeonato começa as quatro da tarde, comecei a me arrumar as uma
Eu não havia pedido permissão para Domenic, ainda. Estava criando coragem, pois as chances dele me negar isso, são grandes.

Estava usando uma saía de couro branca com uma pequena abertura na lateral da perna, um cropped de pano preto, com um decote nos seios, e para fechar o look, vesti uma bota branca que ia até o joelho e com um salto de quinze centímetros. Coloquei alguns acessórios, pulseiras, brinco, colar e um bracelete. Passei uma quantidade exagerada do perfume que mais gosto e me olhei no espelho.

- estou pronta!

Falei, olhando para o meu reflexo. Respirei fundo e sai do quarto, a procura de Domenic.

Parei em frente a porta do seu escritório e dei três batidas na porta. Sua voz rouca chegou até meus ouvidos, pedindo para que eu entrasse. Abri a porta e a fechei quando entrei, nossos olhos se cruzaram e eu vi Domenic engolir com dificuldade a saliva.

- onde você vai?

Me aproximei da sua mesa e falei:

- eu queria pedir a sua...

Aquilo era tão... Humilhante! Nem ao meu pai eu pedia permissão para sair.

- queria pedir a sua permissão para ir no campeonato de tiro.

Domenic inalou o ar que nos rodeava e se ajeitou na cadeira. Eu já estava preparada para ouvir o seu "não", mas mesmo assim ficaria com raiva dele.

- tudo bem.

Tentei manter a cara de paisagem quando ouvi sua resposta. Ele deixou? Sem questionar nada? Impossível, foi fácil demais.

- obrigada.

Domenic voltou a olhar os papéis que estava na mesa, continuei parada na sua frente esperando ele falar quem iria ficar de olho em mim. Ele levantou o olhar e enrrugou a testa.

- quer mais alguma coisa?

- como assim? Estou esperando você dizer quem vai ficar de olho em mim lá.

Falei.

- ninguém vai ficar de olho em você lá, Lilith. Você já é grande o suficiente para saber se virar sozinha.

Oi? A algumas semanas ele não saía do meu pé com medo de eu fugir e agora está agindo como se não se importasse com isso?

- confia tanto em mim que acha que eu não fugiria de você mais?

Domenic me olhou por alguns segundos, levantou-se da cadeira e foi até a porta.

- por favor.

Falou, pedindo para eu segui-lo.

Ele me levou até seu quarto, pediu para que eu o esperasse lá e foi até aonde parecia ser o closet. Domenic voltou de lá com um papel na mão, era o papel da aposta, ele parou na minha frente e levantou o papel.

- o que você vai fazer com isso?

Perguntei.

Domenic rasgou o papel em quatro partes. Eu não consegui disfarçar minha cara de surpresa com o que ele acabou de fazer.

- está livre agora, Lilith. A única coisa que te prendia aqui não é mais válida. Eu vou deixar você ir para o campeonato, de lá você pode voltar para a Suíça se quiser. Mas se decidir voltar, vamos começar a viver como devia ter sido desde o dia que você chegou aqui.

- Domenic...

- eu gostaria muito que você voltasse.

Me interrompeu.

- eu não posso obrigar você a ficar aqui contra a sua vontade, só estaria perdendo meu tempo tentando convence-la de ficar. Então, agora você escolhe.

Eu ainda estava sem palavras para o que acabou de acontecer. Era para eu estar feliz, finalmente eu poderia voltar para a casa, mas eu não sabia o que estava sentindo. Domenic andou até a porta mas antes de sair, falou:

- Scar vai levar você até o campeonato, se você resolver voltar, ele trará você de volta.

E então saiu.

Fiquei alí, em pé, parada por alguns minutos, olhando para os papéis no chão e então caí na real "𝑬𝒖 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒊𝒓 𝒆𝒎𝒃𝒐𝒓𝒂" pensei. Um sorriso de orelha a orelha se formou em meu rosto. Saí do quarto de Domenic e fui correndo para a garagem, Scar já estava me esperando, entrei no SUV preto e quando olhei pela janela vi Domenic falando ao celular. Ele olhava diretamente para a janela do carro, ele não podia saber que eu estava o encarando por conta dos vidros escuros.

Um misto de emoções se formou dentro de mim. De repente a felicidade que eu estava sentido minutos antes desapareceu. A frase que ele havia me dito ecôou em minha mente " eu gostaria muito que você voltasse". Afastei aquele pensando para longe e fiquei encarando o banco para não ter que olhar para o meu sequestrador.

O carro começou a andar e eu olhei para onde Domenic estava mais uma vez, mas ele já não estava lá. O caminho até a cidade demorou um pouco, a mansão dos Torricelli fica muito afastada do resto da cidade. Quando chegamos no campo de tiro, vi muita gente lá, os mafiosos tentavam se camuflar entre as pessoas comuns, mas quem era da máfia saberia distinguir eles.

Desci do carro e caminhei até o lugar aonde pagamos para pegar as armas. Para a minha sorte, encontrei a bolsa que eu estava no dia em que Domenic me pegou, e meu cartão ainda estava lá. Paguei por uma Glock e fui para a fila. Depois de tanto esperar, minha vez chegou. Virei o copo de tequila que estava sendo servida no campeonato e me posicionei na frente da linha no chão.

Mirei na cabeça do boneco e disparei cinco vezes, errei apenas um tiro.

- droga!

Participei de outros desafios e bebi todo tipo de bebida que estava sendo servida. A noite chegou e as pessoas começaram a ir embora, me despedi da filha do mafioso da Dinamarca, que estava aqui para cumprir uma missão, e entreguei a arma de volta para os organizadores do campeonato.

Olhei para onde os carros estavam estacionados e vi que Scar ainda me esperava. Eu não sabia o que queria fazer, ao mesmo tempo que eu queria voltar para a minha casa, eu também pensava em voltar para a mansão dos Torricelli. Mas como eu poderia estar em dúvida? Ele me sequestrou, me deu um tapa, me deixou pressa em uma cama... Eu não posso voltar para ele.

Me virei e dei alguns passos em direção a saída do campo. Mas a minha mente traidora fez eu parar no meio do caminho e olhar para trás. Scar continuava lá.

- eu só posso estar ficando louca!

APOSTA DA MÁFIA ( Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora