capítulo 49

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ꜱᴜíçᴀ, ɴᴇᴜᴄʜâᴛᴇʟ, 2017

Eu já estava a um dia em Neuchâtel, fiquei apenas no hotel, aproveitando o silêncio e a tranquilidade do lugar. No dia seguinte, desci do quarto e peguei um táxi para ir até a casa do meu pai. Cheguei na mansão em uma hora, desci do táxi e caminhei até o enorme portão. Digitei a senha e como eu já esperava, o infeliz do meu pai havia trocado.

- desgraçado.

Bati com força no portão e do interfone saiu uma voz masculina.

- pois não?

- seja quem for que está falando, não se faça de idiota, sabe que sou eu.

Olhei para a câmera que tinha no portão e depois falei no interfone.

- abre o portão, agora!

Demorou um pouco até que abrisse. Entrei na mansão e passei pelos guardas que estavam todos com as armas em punho, prontos para atirar.

- cadê o Teodoro?

Perguntei, para um dos guardas que estavam na sala.

- ele não está, senhora.

- ele nunca está.

Falei.

Passei pelo guarda e caminhei até meu quarto. Minha gata estava deitada na cama, me aproximei dela e a peguei no colo.

- que saudades de você, minha fofinha.

Ela ronronava em meu colo e balança seu rabo de um lado para o outro.

- espero que aquele maldito do Teodoro esteja cuidando bem de você.

A coloquei de volta de cama e fui até meu closet pegar um amuleto de proteção que minha mãe havia me dado quando eu completei cinco anos. Ele vinha com um pingente de aço que simulava um nó de bruxa. Quando ela me deu, disse para que sempre que eu sentisse medo ou falta dela, abraçasse o amuleto e eu sentiria sua presença e o medo iria embora. Foi uma das poucas coisas que sobrou para me lembrar dela.

Coloquei o amuleto no pescoço e o ajeitei. Fui até uma das partes do closet, onde havia sobrado algumas roupas, abri o meio delas e coloquei minha mão no fundo do closet, afundei a madeira um pouco e esperei ela abrir. O cofre se revelou e eu digitei a senha, peguei todo o dinheiro que eu havia juntado desde os meus dezessete anos e coloquei dentro da bolsa. Eu não pretendia voltar para a casa tão cedo, então resolvi vir buscar algumas coisas minhas que ficaram aqui.

Quando eu já havia pegado tudo que eu pretendia vir buscar aqui, me despedi da minha gata e saí do quarto. Ainda não havia nenhum sinal de que Teodoro havia chegado.

Passando perto do corredor onde ficava o quarto dos meus pais, senti uma vontade repentina de entrar lá. Girei a maçaneta e para a minha sorte estava aberta, entrei no quarto e vi o quanto Teodoro havia mexido nele durante os anos que se passaram depois que minha mãe sumiu. Eu nunca mais tinha entrado aqui, não queria saber de nada relacionado a minha mãe, pois na minha cabeça ela tinha nos abandonado, e também era isso que o Teodoro falava. E no que uma criança de dez anos poderia acreditar? Ela desapareceu de um dia para o outro, então para mim era bem óbvio essa teoria.

Andei pelo quarto olhando as coisas que tinha ali. Reparei que um dos quadros que tinha uma foto dos meus pais na parede, foi trocado por um que só tinha a foto de Teodoro. Aquele quadro era apenas um disfarce para esconder um dos cofres da minha mãe que tinha no quarto, me lembro de quando via ela retirando o quadro da parede e afundando a madeira para abrir o cofre. Ela colocava alguns papéis lá dentro, eu sempre tive vontade de abrir e ver o que tinha naqueles papéis, mas eu nunca tive coragem. E depois que ela sumiu, isso se perdeu em minha memória.

APOSTA DA MÁFIA ( Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora