capítulo 40

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ʙéʟɢɪᴄᴀ, ʙʀᴜxᴇʟᴀꜱ, 2017

- tem como você parar com isso?

Disse, voltando meu rosto para frente e o encarando. Gabriel jogou o cigarro no chão e pisou encima.

- responde a minha pergunta, Lilith.

- para que você está interessado nisso? O Domenic me amando ou não, não vai fazer diferença alguma na sua vida.

Ele cruzou os braços na altura do peito e encostou suas costas na cadeira.

- claro que vai, Lilith. Só assim eu vou saber até onde posso machucar você para Domenic sentir.

Mostrei um sorriso rude e relaxei minha cabeça na cadeira.

- você só está perdendo o seu tempo, Gabriel. Então ou você me mata de vez, ou vamos continuar aqui por bastante tempo.

Seu olhar era tranquilo, parecia que ele não estava nenhum pouco preocupado com o que estava acontecendo e nem com o que poderia vir a acontecer.

- por que diz isso? Acha que o Domenic não vai vir salvar você? Então está me dizendo que ele não a ama?

- interprete como quiser.

Gabriel colocou a mão no queixo, como se estivesse pensando em algo.

- sabe, Lilith, faz total sentido.

Ainda sentado na cadeira, Gabriel a arrastou pelo chão, chegando mais perto de mim.

- você foi uma aposta da máfia, Domenic jogou sabendo que se ganhasse, teria você na palma da mão. Você é só um objeto para ele, algo que ele vai usar quando quiser e depois vai deixa-la largada. Você só vai servir para dar prazer a ele e filhos, afinal, é com esses únicos propósitos que nós da máfia se casamos. Muitas vezes não tem amor envolvido, e nunca desenvolvemos, estamos destinados a casar para manter as aparências e o sobrenome da família.

Seu olhar começou a mudar a medida com que ele continuava falando.

- você não significa nada para o Domenic, você sabe que ele não te ama e nem você ama ele, mas está obrigada a viver com ele pelo resto da sua vida. Você me entende?

- você é louco! Está me enjoando.

falei, com indiferença.

- agora que você está grávida, sabe como vai ser sua vida. Vai ter que sair dos assuntos da máfia, só vai ser mais uma mulher que engravida a cada dois anos, dando herdeiros para o Domenic.

Ele se levantou da cadeira e começou a andar de um lado para o outro inquieto.

- eu poderia fazer você feliz, Lilith. Poderiamos ser maiores que as outras máfias, construir nosso império, seríamos os mais temidos, somos os Lightwood e o Félix, duas famílias poderosas.

Quando ele terminou de falar eu comecei a rir descontroladamente.

- do que você está rindo?

Perguntou, zangado.

- de você. Você é completamente louco e fora de sí.

Respondi, tentando controlar minha risada.

- eu nunca, NUNCA, vou me casar com você, Gabriel. Então me mata logo e para com essa palhaçada.

- não se preocupe, meu bem, vou dar um tempo para você pensar.

Gabriel foi até o criado mudo e pegou o copo de vidro.

- melhor você tomar um suco, não come faz horas.

Ele aproximou o copo da minha boca.

- eu não quero nada seu.

- você tem certeza?

Não o respondi.

- mudanças de plano, vou chamar o médico da família para fazer um aborto em você. Nada mais vai matar Domenic do que ver você comigo. Eu vou tentar me acostumar com o seu passado pavoroso, podemos fingir que você ainda é virgem e que nunca engravidou disso.

- ok!

Falei, tranquilamente.

- ok.

Sussurrou, passando a mão molhada em meu rosto.

Antes de sair da sala ele me deu uma última olhada, eu continuava sem demonstrar nenhum sentimento na sua frente. A porta se fechou e eu voltei minha atenção para a corda que esta em meus pulsos. Mais alguns minutos se passaram e eu havia conseguido desfazer o outro nó, só faltava mais um e eu estaria livre.

Ouvi três barulhos de tiros vindo do lado de fora da sala, parei com o que estava fazendo e olhei para a porta que estava sendo aberta. Gabriel entrou apavorado no cômodo e fechou a porta

- aquele maldito chegou cedo demais, Lilith, infelizmente terei que matar você.

Quando ele fez menção de tirar a arma da cintura, me levantei da cadeira e me joguei em cima dele. Caímos no chão e tentei tirar a arma da sua cintura.

- como diabos você se soltou?

Gritou.

- eu tenho meus truques.

Peguei a arma da sua cintura e segurei ela entre nossas barrigas.

- adeus, Gabriel.

- não tão cedo.

Ele me jogou para o lado e segurou a arma.

- Adeus, Lilith.

O cano da arma pressionou minha barriga, a agarrei em minha mão e tentei alcançar o gatilho. Em meio aos barulhos de tiro que vinham do lado de fora, dois tirou foram disparado da arma que eu lutava contra Gabriel.

Engoli em seco, Gabriel arregalou olhos, sorri para ele enquanto ele ainda estava encima de mim. Seu corpo caiu em poucos segundos ao meu lado, a porta foi aberta e os meus olhos encontraram os de Domenic.

- Lilith.

Ele veio correndo até mim, se ajoelhou no chão e segurou meu rosto com as mãos.

- eu falei que sabia me defender sozinha.

Falei, com dificuldade. Seus olhos desceram até minha barriga.

- a meu Deus, você está ferida.

Domenic me pegou no colo e me levou até o sofá. Ele tirou sua blusa e colocou encima da onde a bala me atingiu, estancando o sangue.

- você vai ficar bem, meu amor, vai ficar tudo bem.

Domenic inclinou a cabeça um pouco para olhar para fora do cômodo e gritou.

- Melani.

Coloquei minha mão encima da sua, Domenic me olhou com aqueles olhos negros cheios de medo.

- está tudo bem, Domenic.

Sussurrei, fechando os olhos, não suportando a dor da ferida.

- vai ficar tudo bem, vou levar você para o hospital, só preciso saber se está seguro para saímos daqui.

Domenic gritou Melani mais uma vez.

Minha boca começou a ficar seca, eu não sentia mais minhas pernas e a minha visão estava ficando turva.

- ei, não fecha os olhos, fica comigo, Lilith.

Falou Domenic, apavorado. Ele tirou meu cabelo do meu rosto e beijou minha testa.

- fica comigo, meu amor, por favor!

Tentei engolir o pouco de saliva que se formou em minha boca para poder falar com ele.

- Domenic...

Eu lutava para manter meu olhar nele, mas eu só conseguia ver borões.

- Domenic, eu amo você!

Ele me abraçou com força e continuou a pressionar o sangramento.

- eu também te amo, pequena, fica comigo, não fecha os olhos. Eu te amo, Lilith.

Meus olhos começaram a se fechar devagar, eu tentei mante-los abertos, mas não consegui.

APOSTA DA MÁFIA ( Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora