⛧╾──╼⛧
SAMEu me debrucei sobre o balcão da lanchonete do Country Club de El Dorado Hills e olhei para a piscina. A água fresca e azul-clara seria uma delícia na minha pele suada e oleosa. Era início de agosto e fazia um calor do cão, então a piscina ficou lotada de crianças aos berros o dia inteiro. O movimento do almoço foi tão intenso que se misturou ao movimento da hora do lanche, e meu cabelo ainda estava sujo de milk-shake. Finalmente, o sol começou a descer abaixo das árvores, e uma sombra fresca se estendeu pela fileira de espreguiçadeiras. Os salva-vidas iam buscando as crianças na piscina e devolvendo os pimpolhos às babás, às governantas e aos pais.
— Sam, se eu tiver que fazer mais uma salada Ceasar sem croutons nem molho, vou gritar — disse Logan, da pia. — Tipo, é literalmente só alface pura?
Eu ri, mas com o olhar ainda fixo na piscina. No fim da tarde, um tipo diferente de gente vinha ao clube. Desde o começo do verão, eu os via surgir: nadadores se exercitando ao sol poente e mulheres bem-vestidas tomando vinho branco no bar coberto. O mundo inteiro parecia relaxar apenas para dar um momento de paz a esses sócios do clube.
Eu queria ser um deles.
Logan jogou um jato d'água no copo do liquidificador.
— Noah tá paquerando aquele salva-vidas bonitinho? Como é mesmo o nome dele? Ethan?
Olhei de relance para a sala dos salva-vidas a tempo de ver Noah, com a camiseta de lycra vermelha dos salva-vidas e os óculos de sol esportivos levantados, bater com um espaguete de piscina no braço de um cara sem camisa.
— Uhum, No tá definitivamente paquerando — falei, e puxei o galão de ketchup pela janela de serviço.
— Será que até o fim do verão a gerência deixa a gente ficar ali fora um pouco, depois do turno?
— Como assim? Tipo deixar a gente nadar, pedir batata frita, pegar um sol?
Era impossível. Eu não podia comer batata, e o sol me fazia meio mal. Ainda assim, algo em mim pulsava de desejo.
— Só quero sentir como é a vida dos sócios do clube, sabe?
— Uhum, sei bem, e acho que minha família toda deve saber também, inclusive todo mundo que ficou lá em El Salvador. E, não, não acho que deixariam de jeito nenhum a gente tirar uma tarde de folga pra fingir que isso aqui é pro nosso bico. Aqui, só de uniforme.
Eu me virei para a cozinha escura, os olhos ardendo por causa da luz brilhante da piscina.
— Temos que ficar milionários antes. Aí podemos nos associar ao clube também.
Logan estava revirando a geladeira.
— Adorei esse plano para o futuro, mas, como ato de resistência mais imediato, vou fazer uma quesadilla. Esta instituição roubou nosso horário de almoço. Quer rachar?
Na verdade, eu não tinha pulado o almoço por estar ocupada. Evitei comer por causa da presença de Logan. Nas férias, eu podia trabalhar horas o suficiente para economizar um pouco de dinheiro para o resto do ano. Logan planejava o mesmo, então tínhamos nos candidatado para vagas na lanchonete. Com Noah trabalhando de salva-vidas, parecia o arranjo perfeito para um verão perfeito — mesmo que eu e Log fôssemos passá-lo em uma cozinha apertada e quente.
Só havia um problema: eu tinha me esquecido de considerar Hema naquele plano. A presença de Logan o tempo todo significava que o substituto de sangue humano que eu bebia no café da manhã precisaria me sustentar até o fim do turno de trabalho. Nos primeiros dias, eu tinha chegado ao fim do dia tão faminta que começara a olhar com atenção um pouco excessiva para os pulsos e pescoços expostos dos sócios do clube. Considerei levar um pouco de Hema e esconder na cozinha, para tomar um golinho quando Logan não estivesse de olho. Mas muito pior do que passar fome seria precisar explicar uma garrafa de sangue ao lado dos hambúrgueres.
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SANGUE FRESCO, billie eilish
ParanormalSam Clarke e sua mãe são duas vampiras vivendo entre os humanos que precisam se esforçar para pagar as contas e comprar Hema, o sangue sintético caríssimo de que todos os vampiros necessitam para sobreviver, desde que a humanidade foi quase inteiram...