31 - invasion

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⛧╾──╼⛧
BILLIE

Falei para Sam que topava, mas era ela quem teria que se virar para descobrir exatamente como entraríamos na sala de Atherton. Honestamente, não achava que ela seria tão eficiente. Meros dois dias depois, ela me chamou para sua escrivaninha no quarto. Tinha aberto no computador uma planta arquitetônica do Velho Monte.

— De onde você tirou isso? — perguntei.

— A Estante tem uma seção inteira de história de Harcote. Você sabia que o diretor Atherton na verdade comprou o colégio na década de 1960?

— Sério? Mas supostamente o aniversário de vinte e cinco anos é agora. Por que ele compraria um internato antes mesmo de nascerem os primeiros Sangue-Frescos?

— Não sei. O importante é que o Velho Monte é, como o nome indica, velho. Originalmente foi construído como uma espécie de mansão residencial para a família Harcote, e anos depois, transformado em um prédio da escola. Foi antes de ter aquecimento central. O luxo da época era construir passagens secretas entre as paredes, para criados aquecerem os quartos sem serem vistos. Quando o colégio foi instalado, fecharam as passagens.

— Mas elas ainda existem — falei.

Sam confirmou com a cabeça.

— Conferi ontem. Tem uma entrada perto do banheiro do segundo andar, que não seria difícil de abrir. Fica escondida atrás de um quadro. E deve nos levar diretamente a...

Ela fez o caminho com o dedo na tela. A passagem acabava na sala de Atherton.

Cocei a testa.

— E acha que vai estar aberta do outro lado?

— Vale tentar. Por que ele fecharia lá dentro, onde os alunos já não vão de qualquer forma?

— Tudo bem.

Talvez fosse só a ideia de andar por dentro das paredes do Velho Monte que me deixava incomodada, mas eu não gostava do plano.

— Quando vamos fazer isso? — perguntei.

— Durante o jogo de lacrosse de amanhã. Todo mundo estará assistindo, e o diretor Atherton vai ficar especialmente distraído com a presença de humanos no campus.

— Não é para você ir ao jogo de lacrosse? — perguntei. — Nathan é capitão do time.

Ela desdenhou do comentário com um gesto.

— Ele vai estar tão concentrado no jogo que nem vai notar minha ausência. Além do mais, isso é mais importante.

E foi assim que acabei escondida no banheiro do segundo andar do Velho Monte até fecharem o prédio, para conseguirmos tirar um quadro de um metro e meio de altura da parede (mais difícil do que parece). Atrás do quadro, como Sam prometera, estava uma pequena porta, disfarçada pelos painéis da parede. Nem estava trancada.

— Viu? — disse Sam, satisfeita, ao abrir.

Olhei para dentro da passagem, sentindo arrepios. Diante de mim havia escuridão, poeira, e mais escuridão.

— Se seguirmos pela esquerda, devemos encontrar escadas para descer — continuou Sam.

Apontei o quadro.

— E vamos só largar isso aqui até voltar?

— Vai ser tranquilo, Billie.

Eu odiava cada segundo naquelas paredes. Vampiros enxergam bem à noite, mas aquela passagem era inteiramente escura, exceto pela luz da lanterna do celular, e era muito estreita. Eu mal podia esperar para sair, mas, quando Sam chegou à porta que disse que levaria à sala de Atherton, eu hesitei. O nervosismo que eu sentia não era só de claustrofobia.

SANGUE FRESCO, billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora